segunda-feira, maio 12

Jorge Palma e o seu merecido globo

Foi com imenso prazer que vi finalmente reconhecido o indiscutível talento do Jorge Palma ser brindado com um globo de ouro.


Há já muito que o Jorge conquistou o Globo e lhe deu as voltas que bem entendeu, para o bem e para o mal, sempre intensamente, brotando músicas que nos ficam entranhadas no ritmo e nas palavras.
Com a mesma naturalidade com que viveu o anonimato, agora chegou aos topes e é cantado por todos, como se ainda agora tivesse aqui desembarcado...
"Tudo Bem", ele já nos encanta há décadas, chegou-lhe a vez de desaguar agora no estrelato... reconhecido o mérito, subiu o seu nome ao ouro e lá se tem mantido.


É certo que ele gosta do carinho e entusiasmo dos fãs, sobretudo delas, que vão dos 18 aos 80... deve ser bom encostar o corpo cansado de tantas aventuras ao encosto da fama, mas não é disso que ele se alimenta... é homem doutras andanças, anima-se com outras realidades, são outras as verdades de que se veste... não as lanteloulas e o glamour dos globos, que ontem se dizia com tanto entusiasmo, quase se colarem aos outros, os americanos... mas pronto essa vontade de parecer, parece mais urgente do que a vontade de ser e essa não me parece ser a pauta onde o Jorge desenrola a sua vida!


Assim, foi com entusiasmo que o vi subir ao palco, tão chique, na sua fuga ao inevitável formalismno do traje de cerimónia, tão igual a ele próprio, com tudo o que isso tem de bom e, esperava eu, cheia de curiosidade, que um discurso informal, mas sentido, desse cor à sua contida emoção... precisava de tempo, de espaço...
Foi aí que o mau gosto, tantas vezes manifestado pelo Herman, se impôs e foi ele que tão alarvemente lhe arrancou o momento de discreto protagonismo para o qual nos estavamos todos a preparar.
Para mal dos nossos pecados o "humorista" ousou coreografar e protagonizar um momento que não lhe pertencia... excesso de confiança, incontinente desejo de se expôr, mesmo quando o bom gosto e senso de razoabilidade exigiam a secundarização do seu papel sobre aquele palco.
O Jorge só tinha duas opções... ou era desagradável para com ele, o que para uma pessoa com nível e educação era impensável, ou deixava-se levar, sem reagir nem fazer sua, aquela desnecessária palhaçada... foi o que ele fez...
Pena Seu Herman... é que eu estava mesmo com curiosidade e entusiasmo pelo momento. Gostava imenso de ter ouvido, com que palavras o Jorge nos ia desvelar o que lhe ia dentro... ilegitimamente você roubou-nos essa oportunidade única!
Às vezes, aprender e saber o silêncio, é mesmo o melhor caminho.
Bom... já lá vai... fica esta ligeira sensação de que me tiraram qualquer coisa que me era devida, a mim e aos que acreditam, há já muito tempo, que o Palma é mesmo especial, do melhor, genuíno... e BOM... não de agora, mas de há já muito tempo.
Finalmente, ver-lhe reconhecido o mérito é o que verdadeiramente importa... tudo o resto são migalhas!!!

14 comentários:

Anónimo disse...

Concordo, Inês, com tudo o que escreveste...ler-te foi tb recordar...Para nós que tanto cantámos o jorge, o globo já lhe foi entregue....oh, oh há que tempos!de qualquer modo ficámos contentes! "queremos-lhe bem"! pois tb fiquei atenta, aguardando o k nos tinha para dizer...não fosse a atitude do herman que considerei sem graça nenhuma.Bjs Guida

xistosa, josé torres disse...

Não vi o programa.
Nem sabia de tal. Há muitos anos que acompanho a carreira dele.
Quando o quiseram prender, ou esteve mesmo preso por estar a cantar numa taberna, onde não podia.
Há pouco tempo, quando relançou a carreira foi lá que foi cantar.
Tudo o que meta o Herman, para mim é só lixo.
Não sei o que lhe passou pela cabeça ... perdeu-se um grande humorista, mas talvez não conseguisse atingir as mordomias que hoje tem.
Se foi isso e eu não duvido, vendeu-se ...
Já não o aturo.
O Jorge Palma, chegou, a pulso, onde merecia, e contra tudo e todos.

Anónimo disse...

Quanto ao Jorge Palma, acho que é uma homenagem merecida.

Apesar de ser um autor e compositor exemplares, ele tem dias.
Todos nós os temos, não é?

Carla disse...

Inês
partilho das suas palavras de homenagem a Jorge Palma e de insatisfação perante a actuação do Herman...tantas músicas me encantaram que o Jorge Palma faz hoje parte do meu passado e do meu presente, certamente no futuro também terá um lugar garantido
beijos

Anónimo disse...

"Às vezes, aprender e saber o silêncio, é mesmo o melhor caminho."

Olá Inês. Pois é - como dizia o outro (F. Pessoa), a arte é sempre uma mentira porque é social. E o Jorge sabe isso há muito. Beijo da Graça.

inespimentel disse...

Guida, oh, oh... belos serões!

inespimentel disse...

Xistosa eu no Herman lamento a incontinência... desdenho o percurso novo rico, abomino a tonta luxúria... mas confesso que lhe acho muita graça, pontualmente...
Por oposição o Jorge, que como todos tb gostará de viver bem, não se apaixona por Rolexes e Armanis mas sim pela aventura, pela vida, pelas pessoas.

inespimentel disse...

Francis, como compositor e autor ele não tem dias, é um criativo, e como muitos criativos precisa de mais do que aquilo que recebe nas rotinas desenxabidas que nos vão consumindo... faz as suas opções... como todos paga um preço, quem aposta forte arrisca tudo.
Os espectáculos balançam com ele... para cima e para baixo...

inespimentel disse...

Carla como tu e eu conheço e sei que muitíssimas mulheres sentem como nós, as suas melodias e as palavras com que as veste têm um lugar cativo dentro de nós! Certas frases ocorrem-me como se já fossem minhas: "...reduz as necessidades se queres passar bem" é uma delas!!!

inespimentel disse...

Graça não atinjo completamente o sentido do que citaste, ou talvez não concorde... está implícito que o que é social é sempre mentira???
Bj

Anónimo disse...

O que é social é ilusório por pertencer à sociedade onde por acaso estamos presentes. Se tivéssemos nascido noutra, poderíamos ter um papagaio ao ombro e andar em tanga com penas na cabeça... e os acontecimentos pertencem a essa teia ilusória e chata do socialmente aceitável. E o Jorge e o Herman sabem disso, é claro... A música e o humor são uma libertação por ultrapassarem essa esfera dos códigos mentais vigentes que são sempre uma grande "maçada", em qualquer lugar. Pronto, acho que é mais ou menos isto.... mesmo assim acho que o Jorge devia ter ali estado com calças de ganga e um lenço atado à volta cabeça (o que não deixa de ser um fetiche como outro qualquer)talvez por ter sido assim que o guardei na memória desses tempos de que tu e a Guida se lembram bem. Migalhas...
bj bj

inespimentel disse...

Pronto Graça, então já estou de acordo outra vez...ilusório encaixo.. mentira é que não...
a arte é ilusória... mentira não me parece, nem por ser social, o que para mim não tem obrigatoriamente uma conotação negativa, já a mentira , quanto a mim, é SEMPRE negativa!
Bj

xistosa, josé torres disse...

No Herman, está em exposição o que de mais vil se vê na TV.
O dinheiro, como o ouro, enlouquece.
Ouvi isto em miúdo a um ourives, que deixou a mulher, por uma "garota".
Garota seria uma diferença de mais de 20 anos.
Conseguiu tirar a carta e comprar um Citroen, não me recordo do modelo, mas era conhecido pela arrastadeira.

Um dia, muitos dias depois de largar a família, o destino levou-o a casa e encontrou a mulher com outro.
Disparou e matou a mulher ...
Sei que se enforcou na cadeia ao fim de dois ou três anos ...
Para que serve o ouro ???
Para reluzir???

Anónimo disse...

Já gostei muito do Herman, há anos que não o suporto, e parece-me que aqui o Xistosa é que tem razão.
O que de pior tem havido no humor português de deve ao Herman, e foi o que de melhor houve.

Não saber parar, é uma desgraça.

Quanto ao Jorge palma, não sabia que tinha ganho o Globo de Ouro e fico tão contente por ele.
Sou sua fã desde o metro, onde tantas vezes parei para o ficar a ouvir.
Continuo e continuarei.

beijinho Inês

o que me faz feliz

o que me faz feliz
o meu mundo ao contrário

O meu Farol

O meu Farol

A bela foto

A bela foto
o descanço dos meus olhos

A minha cama na relva

A minha cama na relva

O meu Algarve

O meu Algarve

...enquanto uns trabalham...

...enquanto uns trabalham...