sexta-feira, setembro 26

A ideia de normalidade tira-me do sério
É que, a bem dizer, tal não existe
Todos sabemos que não há quem não tenha a sua pancada, salvo as excepções que a regra implica.
É de tal maneira grave presumir que a normalidade é a norma, que, temos neste momento uma situação profundamente anormal e injusta nas escolas, a ser vivida por um número significativo de alunos, os seus professores e as suas famílias... estamos de facto a comprometer um futuro improvável para quem nasceu com um qualquer ritmo que os demais entendem não ser o que as expectativas prometiam...
A verdade é que a normalidade é uma abstração quadrada, que deixa de fora grande parte de nós.
Era suposto os alunos portugueses só transitarem do ensino básico para o ciclo depois de adquiridos determinados "saberes".
Um enorme número de crianças não os atinge. Os seus professores esforçavam-se, até ao desespero, para os puxar, ou empurrar, até à fronteira, esperando que do outro lado uma mão firme e bem preparada lhes pudesse amparar o percurso a partir daí... infelizmente o sistema é cego, não tem cara, nem corpo, tem apenas decretos e leis que uniformizam, e tentam normalizar situações que são cada uma um caso, todas diferentes e não é ignorando, como se pretende fazer, integrando estas crianças em grupos grandes, de turmas regulares com ritmos equiparados entre elas, que vamos conseguir resultados mínimos satisfatórios!
Como podemos pedir a uma criança que entenda as regras básicas da matemática ou da língua portuguesa se ela desconhece a existência de REGRAS???
Como se pode esperar duma criança, com um enorme défice de concentração, que se aperceba da presença de um professor numa sala, onde vinte, ou mais, alunos barulhentos interagem entre si, levando para voos interiores a réstia de capacidade de concentração que podia ter esta criança!
Não seria muito mais realista aceitarmos a diferença, muito menos cruel? Nem posso imaginar o sofrimento e o desfazamento em que se desenrolam estes dias infindáveis de aulas de história, geografia,etc, etc, têm estes miúdos que aguentar um castigo que não merecem, não lhes adianta NADA... já não falando do prejuízo para uma turma, com programas extensos, maçudos e desadequados, com um professor aflito para cumprir timmings impostos por quem nunca trabalhou no terreno, digo eu que nem percebo nada disto.
Certos miúdos tinham muito mais a aprender com um adulto meigo e paciente que simplesmente lhes desse a mão e os levasse a viver um dia simples e organizado com lógica e consequência... estilo, vamos às compras, temos de fazer uma sopa, ou uma massa, tudo o que isso implica, entre escolhas, esperas, encontros e surpresas, um dia a dia simples, aprender a partir de um nada, lançar um projecto básico, vamos à rua, vamos ao parque ou ao supermercado, afinal uma mãe emprestada, um tutor, alguém que procure dentro deles o fio duma meada que no meio de uma turma e com nnn disciplinas a serem ministradas, só pode saír uma resposta autista do ostracismo a que este tipo de crueldade os pode remeter!
Vão todos concluir o 9º ano, mas a que custo, para enganar quem, a troco de quê???
Ensinem-nos a andar na rua, a terem higiene, a sentar, a esperar, a usar as ferramentas com que veio apetrechado para ser o mais autónomo e útil primeiro a si, depois à sociedade a que pertence mas, e acima de tudo isto ensinem-nos a ser um pouco ou muito felizes, se isto não é fácil para os outros para eles, com o rumo que lhes estamos a dar, pode vir a ser ainda mais complicado do que seria desejável.
Não é justo... nem para eles que têm direito ao seu ritmo próprio, nem para os professores, nem para as famílias... a dignidade de todos fica posta em causa, andamos a brincar com um assunto tão melindroso pensando que podemos iludir uma realidade que desta maneira vai crescendo, crescendo sem solução, à custa do sofrimento e do esforço de todos os que estão implicados neste insustentável processo em que todos saem a perder, principalmente estas crianças que vejo todos os dias na minha escola, misturados numa massa quase anónima em que a vaga noção que têm de si e dos outros se dilui irremediavelmente!
então bom fim de semana, para eles e os outros, para mim , vocês e os demais

quarta-feira, setembro 24

Para manter a casa arrumadinha (logo eu que não gosto mesmo nada de arrumações) excluí alguns dos links já bolorentos que por aqui andavam... não é que só visite os que aqui agora reorganizei mas, sem saber bem porquê, é a estes que bato à porta depois das ausências, é neles que me sinto mais familiarizada, ou identificada. Com o tempo hei-de repensar e reorganizar estas "pontes"!
Ontem fui ver " O segredo do couz couz", gostei... mas gostava muito mais se tivesse ido sózinha... arrastei três companhias muito desadequadas, 16+16, podres de sono e de fastio, fartam-se de gozar comigo quando digo que este é que vai ser mesmo bom, no Al Gore só faltou deitarem-se no chão a ressonar,... a terceira companhia... um homem de acção, muito mais virado para fazer aparecer coisas com as suas mãos do que com o seu coração e que não perde 5 minutos para mergulhar nas emoções e ondulações que animam e desanimam as relações e o mundo interior de cada um!
Para compôr, a sessão, promovida pelo Cineclube a quem estou muito agradecida, foi pontuada por um excesso de decibéis quase insuportável, tudo o que se disse naquele ecran foi-nos gritado aos ouvidos até à surdez...
Tirando isso achei o filme muito a meu gosto, cheio de silêncios e olhares muito humanos, fez-me sentir em família! Tudo se passa como se não estivessemos no papel de observador... não há espectáculo... é a própria vida que se desenrola no ecran...
Talvez eu goste mais de vida do que de espectáculo e por isso gosto de cinema pouco apreciado, parado, daquele que dá sono e nos esquecemos de nós e de tudo o que não seja aquela luz em movimento... a vida de algo que está para lá do escuro e do silêncio da sala onde nos encontramos, muito real, muito sentida, sem lantejoulas nem froufrous, sem explosões nem perseguições!

segunda-feira, setembro 22

Ecos e melodias do silêncio

O silêncio é sublime
apaga o que lá vai, alimenta o que há-de vir
é nele que me reencontro e é ele que me encontra quando ando perdida
conheço pessoas que no seu silêncio nunca estão caladas, outras que já se calaram há muito mas ainda as oiço
outras que no seu silêncio me gritam palavras mudas
... ecos do silêncio onde oiço tudo o que ficou por dizer
... melodias de palavras ditas em silêncio
... o silêncio dos olhares, a linguagem dos sentidos, o toque que é reticências, o abraço, dois pontos, travessão...
...a conversa acabada, sem retorno... ponto final, parágrafo
...tanto e tantas palavras, pensamentos e ideias que voam livres dentro de mim e me falam e gritam ou sussurram sobre o silêncio, do silêncio e em silêncio!

Outono e regressos

Pé ante pé, devagarinho, empurro a porta virtual
com cerimónia, em silêncio,... entro, penso:- ... estou sózinha... no ar ainda me conforta a memória dos encontros!
Encosto-me num canto, respiro baixinho e oiço-me a fazê-lo, estou viva e as portas estão abertas.
Para lá de mim a janela lembra-me... o Verão acabou, mais um que é empurrado por um Outono que promete o reencontro com as nuvens, e o frio, e a chuva.
O som abafado da natureza húmida, que na ansia de lhe matarem a sede abre os ramos e os regatos num abraço molhado de alegria!
Gosto do Outono
Está a chover...sinto-me fresca e preparada
PS afinal o espaço não está vazio, vou espreitar quem me espreitou

sexta-feira, setembro 19

Talvez nem seja necessário entender este interregno, talvez nem deva acreditar que calei este silêncio que se arrastou para lá da minha vontade...
... inércia? Certamente!
... preguiça??? Alguma!
Tenho a sensação de que os horizontes da minha vida estiveram voltados para outras paisagens, e de costas viradas para o migalhas, nada de premeditado, aconteceu!


Talvez afinal, eu, que quebro todas as rotinas e viro do avesso qualquer ideia que se faça, ou qualquer expectativa que se tenha em relação à minha pessoa, afinal ,dizia eu ,sou arreigada demais aos hábitos que estabeleci... é nesta cadeira azul, nestes espaços entre outros espaços, que me brota o desejo, a saudade e o impulso de procurar uma migalha que me console, e dê alento e alegria, que acrescente uma qualquer riqueza ao meu dia... e assim lembro-me e corro para o meu migalhas... aqui desaguo de dentro para fora, liberto-me, dou ás asas e entre voos pergunto-me:
- Se isto me sabe tão bem, quando abro esta janela que me dá momentos de gozo tão próprios, poque será que no meu horizonte estival este mundo fica tão distante de mim, que chego a esquecer-me da sua existência!!!
Voltei; agora que os meus dedos percorrem o teclado sem me darem sequer tempo para pensar estou segura, voltei mesmo e estou feliz por isso.
Migalhas, estou de volta, continuo a gostar de ti e dos nossos convidados, aqui vou voltar de novo para abrir a minha caixa de Pandora, o meu miolo mais recondito, o meu coração mole, a minha indignação, a solidariedade e ternura que sinto por todos nós, por todos vós, aqui vou voltar para os encontros, as palavras e as confissões!
PS não sei se por aí anda ainda alguém mas se eu fôr de porta em porta acredito que vou confirmar: NÃO ANDO SÓZINHA NISTO!
Beijos e xicorações
Bom fim de semana A TODOS

o que me faz feliz

o que me faz feliz
o meu mundo ao contrário

O meu Farol

O meu Farol

A bela foto

A bela foto
o descanço dos meus olhos

A minha cama na relva

A minha cama na relva

O meu Algarve

O meu Algarve

...enquanto uns trabalham...

...enquanto uns trabalham...