segunda-feira, novembro 15

Sonho ou realidade

Através da vidraça imensa o sol radiante distrai-me da realidade...


...os dias vividos, que se foram,


rotinas empurrando as horas, as semanas, os meses


sucessão de emoções, de rostos, de pressas e lazeres, de sustos, alegrias, certezas e inseguranças,



escorregadia, a vida...



...por entre amores e dissabores, aventuras e desventuras,


memórias que me escapam no todo


deixando-me apenas o gosto do promenor,


marcando-me no sentimento, na emoção, no registo que me acorda a alma


acreditando que de olhos fechados é o sabor da essência que se sobrepõe a tudo o resto.



Do que os dias levam da minha história, pouco me fica


... a construção de quem sou, ao que cheguei,


cada momento vivido alimentou este "aqui", este "agora"


e essa é a minha única bagagem, o que tenho de meu


o que me traz um sorriso aos lábios quando me sento na natureza, e aí me sinto em família


quando as árvores são irmãs, e os montes mestres, os animais sábios... porque existem e se cumprem!



Quando sou mar e o mar sou eu, sinto que grande é a obra, que bela é a criação.


Tudo o que de mais possa sentir ou pensar é nada... é pequena coisa pouca
Para trás os factos, as datas,


dentro de mim o amor, o sentimento, a emoção



A realidade vai-se assemelhando a um sonho, um pesadelo, um filme ou uma peça que nos envolve, mas que nem sempre parece ser a nossa própria história de vida


quando o tempo nos escapa


quando o que nos rodeia se impõe, com peso esmagador, ao mundo que nos habita por dentro


é de silêncio e solidão que nos curamos


Se o mundo, os outros, e o mundo dos outros, nos tapam a paisagem o sonho e a aventura, melhor será sairmos para dentro de nós,



é o tempo de nos escutarmos


de encontrar em nós o olhar que pensa e o pensamento que olha
Distraída assim do que atenção não me merece vou passo a passo marcando o meu caminho
...inteira, feliz, porque sou um ser pensante, porque deslizo ao sabor das emoções e dos sentimentos entre realidades que nem sempre me tocam mas me dão que pensar, me fertilizam o pensamento, e me parecem mais sonhadas que reais... ao passo que, no sentido inverso, o sonho se vai colando, mais e mais, ao que me parece real, e verdadeiramente importante!

quarta-feira, outubro 27

Só para desenferrujar

Estive fora nos últimos 10 meses... fora desta cadeira que me abre a janela do migalhas!

Sim, é certo que existem outras cadeiras com vista para o meu blogue, mas é aqui, junto desta janela imensa, de onde me guardam os pomares de laranjeira que o meu olhar interior se espraia mais a jeito, as ideias mais variadas surgem, as palavras soltam-se e a vontade de me lançar ao teclado vem...
Nem sempre tenho o tempo mas sentir a vontade é já um começo... penso eu!

segunda-feira, agosto 9

Férias na Zambujeira

Fresca e repousada, estendida sobre a cama, despertei-me num suave ruído que me trouxe para fora do quarto, mesmo ali, roçando-se na parede da janela do quarto, aquele ritmado som que quase se apaga, para logo renascer, numa cadência de esforço sem nome, morria e logo recomeçava, persistente, esforçado, como se um último suspiro teimasse em voltar, quase inaudível, teimoso, a adiar o inadiável!
Em silêncio quis saber e, curiosa, estiquei-me para fora da janela; abrindo o olhar sobre uma alma sem idade, que arrastava um corpo com mais de 150 anos, sobre duas muletas... Tic- Tic, o metal no seu cantar quase leve, muito lento, batia a calçada, como se não houvesse amanhã, em contraste com o que sobre ele se arrastava numa lentidão de doer, numa insistência de admirar, só porque parar é morrer a velha senhora ia em direcção ao mar, às falésias que nem sei se os seus gastos olhos conseguiam alcançar, mesmo ali à sua frente... talvez o cheiro a marezia... quem sabe a brisa do mar, o grito das gaivotas... talvez apenas o peso, ou a leveza das recordações, quem sabe se a certeza de que parar é morrer... certo é que ela se movia e alguma certeza tinha porque não parava, tão lenta quanto se possa imaginar... o mar imenso oferecia-nos a ambas o espectáculo sublime da sua comovente imensidão... ela, a velha senhora, oferecia-me uma lição de vida!
Recolhi-me ao silêncio, dentro do quarto e pensei... assim se gozam as férias na Zambujeira do Mar!
Nota: marezia será com S, mas a mim se assim fôr já não me cheira a mar!

domingo, abril 18

Afinal quem manda???

Caos nos aeroportos... a natureza a dar-nos mostra da sua supremacia.
Para quem ainda duvida é a surpresa, quase indignação.
Ainda assim, a "importância relativa" de quem vê os seus planos abortados a querer bater o pé...
"... "eles" têm de me resolver o problema... só sei que amanhã temos de estar de regresso..."
Gosto, gosto quando, assim mesmo, sem mortos nem feridos, somos empurrados para a nossa insignificância e pequenez, quando todos os nossos planos e reevindicações são reduzidos a pó de traque!
Só tenho pena que o grande destaque das notícias se vire sistematicamente para os transtornos que se verificam como consequência de acontecimentos a que, infelizmente não se vão acrescentando dados e imagens, porque a tal nuvem só está é a dar dores de cabeça aos europeus e aprendermos um pouco sobre o que se está a passar não interessa mesmo a ninguém, ao que parece!

sexta-feira, fevereiro 19

Mais valia estares caladinha, ouvistes???

Sou daquelas que se gaba de ter aprendido a escrever quando o erro era um erro.
Gabo-me de naquele tempo a quarta classe dar direito, mesmo, a aprender a escrever português.
Hoje andei aqui pelo meu migalhas a recolher textos, aleatoriamente, não gostaria que se perdessem, alguns lembro-me de que gostei imenso de os reler, mas hoje nem era o caso. Copiei-os a granel, tudo ao monte para uma pastinha, não reli um que fosse.. Tive de os passar pelo Word, pareceu-me a melhor forma de o fazer.
UI, UI.
As palavras sublinhadas a vermelho eram bem mais numerosas do que eu imaginava.
Tanto, mas tanto erro que tenho dado por aqui, até dói, cheguei a sentir vergonha … não por mim, que não sou nada dada a vergonhas, mas por quem acredita que eu escrevo menos mal…
Palavras inventadas são às mãos cheias, mas essas são minhas filhas, e dos filhos gostamos sempre, nem que sejam uns abortos;
advérbios de modo insisto em pôr-lhes acento, talvez para que não restem dúvidas; papar letrinhas ou repetir sílabas é até fartar, deve ser do alzeimer;
os ssss gosto dos levar a zzzz;
iiii e eeee vai tudo dar no mesmo, vai como sair:
descansar faço-o sempre com uma cedilha debaixo, assim: descançar, vá-se lá saber porquê;
até com cidadões por aqui me cruzei…
cruzes canhoto que dar erros nem é pecado… o busílis está na presunção com que eu me arrumava do lado dos que “até nem dão muitos erros”.
Afinal são tudo promenores, que também assim tive o desplante de escrever, mas o que realmente interessa é organizar a ideia, dar força ao pensamento, expressar o sentimento, partilhar a emoção, sei lá eu, alimentar-me mais tarde destas migalhas que por aqui deixo agora, para as reler, reconhecer-me e encontrar-me quando ando mais perdida.
PS quanto ao Fernando Nobre… que conte comigo, como é óbvio… é que eu já vou contando com ele!

domingo, janeiro 3

ping, ping, ping...

Hoje convinha-me um radioso e longo dia de sol, daqueles que convidam a sairmos de nós, os olhos postos na natureza, coração aberto, esperança bebida no cântico dos pássaros!
Mas não... um longo dia dos mais longos dias curtos de Inverno, em que a chuva parece mais molhada e insistente, o cinzento do céu mais abrangente, escurecendo-nos por dentro, invadindo-nos as entranhas com as suas humidades , o vento forte vai varrendo qualquer ideia mais leve que se tente instalar... o ar denso e pesado a cansar os ombros e a alma.
Pode ser que o mundo à minha volta esteja ainda mais triste, pobre ou infeliz do que eu e este meu sentir caprichoso... mas esta saudade de me deitar na relva seca, pedindo a uma árvore que me abrigue na sua sombra para que goze melhor ainda os raios quentinhos do sol torna-se obsessiva num dia como um dos mais longos curto dia de Inverno!
Gosto das estações do ano... de todas... mesmo quando trazem nos seus dias extremos e excessos que lhes sejam próprios, levando-me a esquecer como elas passam por nós voando e outros dias, com diferentes caminhos para o meu sentir se vão substituindo, uns atrás de outros, deixando marcas profundas... ou nem tanto... no meu humor!


Quem me dera o sol por dentro, sentir o apelo da natureza, contar-lhe de mim e vê-la alheia a coisas miúdas, migalhas dos meus caprichos, persistindo na renovação, indicando-me o caminho.
Tem dias em que até as sementes bem guardadas no fundo de mim se enchem de mofo e tristeza, parece-lhes que nunca mais vai chegar o dia de irem a fruto, a flôr, e é nesses tristes dias curtos de sol e longos de escuridão que eu fecho os olhos para sonhar que estou na areia, na relva, no chão... e sinto aquele calorzinho que me dá a vida, a aquecer-me , por dentro, por fora, até que o dentro e o fora são UM só e aí lembro-me... pois se isto é assim todos os anos... ainda não te habituaste?... e como dizes tu que gostas das estações do ano se o pingo do inverno te deixa sem cor e com os excessos do Verão te derretes?

Não era este o post com que gostaria de interromper um interregno que já vai longo, não sei se já deu para repararem, é que está mesmo de chuva, é INVERNO a doer... mas do mal o menos... o Natal já lá vai e um Ano Novo bom para todos nós é o que peço à chuva, ao frio e ao vento!

o que me faz feliz

o que me faz feliz
o meu mundo ao contrário

O meu Farol

O meu Farol

A bela foto

A bela foto
o descanço dos meus olhos

A minha cama na relva

A minha cama na relva

O meu Algarve

O meu Algarve

...enquanto uns trabalham...

...enquanto uns trabalham...