É recorrente, nos meus passeios por aqui e por aí, sentir, o quanto desiludidos os portugueses vivem, consigo e com o seu país... parece , de facto, que nada se consegue mesmo aproveitar... o desalento e o desânimo são transversais, do mais novo ao mais velho, do mais rico ao mais pobre, como uma seta envenenada que trespassou a sociedade portuguesa e a deixou triste e envergonhada de si, sem esperanças nem desculpas, todos estão de acordo, todos sabemos o que sentimos e vemos!
... e eu não posso deixar de concordar com aquilo que está bem à vista de todos e perguntar-me... onde será que nos perdemos, que será que nos aconteceu?
Já antes de nós, muito antes, sofriamos destes sintomas, destas incapacidades, e, se sempre me divertiu vê-los retratados com mestria, o mesmo já não se pode dizer do convívio directo e o incómodo que acarreta esta "conformada forma de vida"!
Não sei onde começou, ou se algum dia foi diferente, como a nossa história parece indicar, mas sei que, enquanto outras gentes de outros países, europeus, percorria passo a passo, a aprendizagem dum colectivo civilizado, organizado, cultural, até solidário, até crítico, nós viviamos como ostras, cinzentos e fechados, em grupos muito restritos, pouco mais que familiares, silenciando tudo o que nos pudesse denunciar, querendo parecer amorfos, despercebidos, diluidos num todo sem côr, sem forma, medrosos e assutados, sabendo que a voz, ou a diferença, poderiam ser a nossa condenação ou daqueles que faziam parte do nosso pequeno círculo... tudo muito pequenino, mesquinho e sem horizontes.
Não acredito que isto explique tudo, ou grande coisa, mas para mim é mais uma achega... a verdade é que não ajudou nada, já íamos rotos... ficámos nus... depois, veio a "liberdade", a festa,... mas, afinal, não estávamos ainda preparados... só soubemos pegar em penas e plumas, deslumbrados com a nova vida, esgotámos as oportunidades, fomos ficando tristes e ridículos ao ponto de já não convencermos ninguém de coisa nenhuma!
Eu, cá vou andando, não faço promessas, vivo o meu dia a dia dentro das minhas possibilidades, futebol e telenovelas passam-me ao lado, acredito na capacidade que cada um de nós tem para melhorar a nossa e a vida e a vida em geral, gosto das pessoas, independentemente da sua origem e vejo-nos a crescer, não estamos estagnados, vamos desenvolvendo um sentido autocrítico generalizado, trabalho numa biblioteca escolar e, em 8 ou 9 anos, vi muita coisa acontecer, para melhor, estamos a evoluir e os nossos miúdos de amanhã vão ser, certamente, melhores cidadãos ou pelo menos mais bem formados!
Sério, ... não murchem, isto vai devagarinho mas está a andar.... parece parado, muito quieto, mas não... está mesmo a andar!
... e quem diria que na sociedade americana se estava a preparar uma mudança?
O Bush, com a sua bestialidade, alimentou sonhos de mudança que não eram visiveis, mas foram eles que acordaram muitos e muitos americanos que estavam adormecidos para a política... quando o sino lhes tocou "acudiram" ao país e mudaram-lhe a rota... ao que parece!
... ... um dia vamos estar preparados, é para isso que eu trabalho... TODOS OS DIAS, com a certeza de que cada acção faz a diferença, e, com humildade, partilho experiências e aponto caminho a quem anda à deriva!