Então é por isso
Quando os homens e o seu mundo ocupam demasiado espaço dentro de mim, como se fossem, de facto o centro de tudo o que existe, quando o meu olhar não alcança mais do que as suas casas, as suas construções, os seu meios de transporte, o meu ouvido se enche dos sons que produzem... eles e o mundo que é só deles, com as suas máquinas, as suas vozes, os seus ritmos alucinantes e alucinados, quando para encontrar o meu equilíbrio tenho de olhar para o céu, procurar o seu azul, ou viajar nas suas nuvens, quando já não sei se as estrelas ainda brilham, se a lua está cheia ou nova, quando tudo isto e muito mais me acontece eu sinto uma irresistível necessidade de fugir!
Sinto-me mal... triste e envergonhada, pertenço a uma espécie assustadoramente invasora, parasita e prepotente, em que os mais fortes esmagam os mais fracos, até mais não poder; consome hoje em excesso, desperdiçando, o que amanhã há-de ser vital aos seus filhos;
causa sofrimento aos seus irmãos... e rejeita como irmãos aqueles que são diferentes!
Assiste indiferente ao desaparecimento de outras espécies e foge aos saltos e gritinhos quando algum outro animal se cruza no seu caminho, tem nojo das rãs e dos camaleões, confunde abelhas com vespas e desespera nas cidades porque os pombos lhes sobrevivem!
Guarda muito mais do que alguma vez vai precisar para si , ignorando que o mundo à sua volta só pode ser aprazível se houver sensibilidade e solidariedade!