segunda-feira, novembro 9

...nem cobertas de chocolate...

É um comportamento novo, quanto a isso penso não me restarem dúvidas
Já lá vai o tempo em que tínhamos classes confiáveis na nossa sociedade, pelo menos era isso que julgava o comum dos cidadãos... um padre, uma professora primária, um Dótôre, um agente da autoridade, por exemplo, tinham como garantido que a sua palavra pesava no prato da balança mais do que as juras de quem com ele quisesse medir forças, ou veracidades...
Desses impolutos, os primeiros a cair foram os políticos, agora tão transversalmente desacreditados... os professores também passaram de intocáveis ao descrédito debochado, os padres, enfim, temos de tudo... de pedófilos até traficantes de armas, é o que se queira...
Agora são os médicos e as organizações que "dirigem". É o descrédito absoluto e ostensivo pelas suas directivas... e a prova disso está na falta de receptividade com que a vacina da gripe mais famosa dos últimos tempos foi recebida... os grupos de risco foram encolhendo, encolhendo, os grupos prioritários reduziram-se evaporaram-se e, eis senão quando, a generosidade dos nossos governantes deu em querer vacinar pura e simplesmente quem se chegar à frente. É hilariante... nem com toda a propaganda, o marketing... "ah, e tal, não chega para todos, primeiro os prioritários"... cartas para os utentes priviligiados... pensavam eles que íamos andar todos numa de também quero... hi, hi, hi, enganaram-se bem... por uma vez fomos "nós" que os enganámos... parece que as cabeças começaram a pensar... cada uma por si... com todas as desconfianças e cautelas que o passado recomendava... e finalmente, os senhores do poder, os que detêm os laboratórios, a informação e o resto, pode ser que fiquem com um stock de vacinas encalhado... de que se lembrem no futuro...é que, se a maltinha lhe dá para começar a pensar o seu reinado tem os dias contados... nada muda, ou pouco muda, mas a certeza de, saber e poder, controlar, extorquir quem anda mal informado e, por fragilidades, se deixa conduzir, já deixou de ser "favas contadas"... as vacinas eram dinheiro em caixa... agora são caixas e caixas, aos milhares, a serem distribuidas, oferecidas, impingidas por quem espera lucros, a quem lhes vira as costas, porque pura e simplesmente está farto de ser enganado, explorado, chulado, manipulado, e quer um basta neste rega bofe onde tudo se faz às claras, com o conluio de quem nos devia defender e a participação de quem não impõe limites à sua ganância!
PS o mais certo é arranjarem maneira de escoar as ditas vacinas, nem que seja em pastelinhos de bacalhau... ou de massa tenra...

terça-feira, novembro 3

o abismo

Abrir as asas
olhar para cima,
atirar o corpo pesado à leveza do ar
planar,
asas abertas,

em baixo o abismo

...o olhar... para cima!

quinta-feira, outubro 29

diferença?? o que é mesmo isso??

Não entendo o racismo!
Não sinto, nem ínfima, amostra de aversão ou repúdio pela diferença!
Quando me cruzo, ou relaciono, com "criaturas" que não se enquadram, ou encaixam, em conceitos preestabelecidos de normalidade, tenho sempre um tempo de paragem, como se dentro de mim se abrisse uma janela para uma nova paisagem que, por isso mesmo, já atrai a minha atenção, sinto a vontade de compreender e conhecer novos mundos, cabeças divergentes, diferentes formas de ser e estar entre nós! ... e quando me parecem mais frágeis, ainda mais espaço se cria dentro de mim, para acolher o que me é estranho, desconhecido!
Ultrapassa-me que isto possa ser obstáculo e não motivo de aproximação entre as pessoas... e o facto de desconhecer estimula a minha curiosidade, o meu interesse. Outro modo de sentir estas diversidades é-me tão difícil de entender... parece-me incontornavelmente uma limitação, uma tacanhez...
Porque a diferença é uma realidade que existe seguramente entre todos nós, essa diferença que nos torna únicos, irrepetíveis, cada um, um entre todos, de dentro para fora, inseridos no todo, mas sempre indivíduos... mas aquela diferença que divide, atribuindo qualidades e defeitos transversais que se aplicam a todos os elementos de um qualquer grupo, a TODOS, agrupando-os taxativamente, segundo leituras feitas de fora para dentro, juntando os "cada um" e transformando-os num só... essa convicção de DIFERENÇA desconserta-me, faz-me imensa confusão, como se a linguagem usada me fosse completamente obtusa, abstracta... até porque, bem cá no fundo, eu nem sei muito bem o que é ser diferente, não sei se isso existe.... não o somos todos, afinal?
há os que levam a vida toda a querer ser "iguais", os que se declaram diferentes, orgulhosa ou envergonhadamente diferentes... e aqueles que se perguntam, como eu, onde nos leva esta vontade de espelhos e de desencontros, de encontros ou de guerras...

quinta-feira, outubro 22

viajantes

Acordamos a cada dia, com planos preconcebidos de ir aqui e acolá, tratar deste ou daquele assunto, trabalhar, ficar em casa, enfim... certezas que não o deviam ser... cada dia, cada momento é uma aventura, uma viagem sem regresso, caminhos a desbravar, sem retorno, mudando e renovando-se a cada passo.
Para essa viagem cada um de nós transporta o que lhe parece indispensável, essencial, o que lhe é mais querido ou mais estruturante para usar como bússola, como referência!
Cruzo-me com viajantes que agarram o passado, num forte abraço, lembrando outros momentos, outras pessoas, experiências idênticas, recordações reconfortantes, traumas e mágoas de estimação, seja o que fôr... desde que seja passado... e esteja presente... "no meu tempo é que era bom..." esta frase espreita e ensombra o efeito surpresa, a novidade que se pode extrair de cada viagem... por outro lado também é ajuizado saber usar hoje o conhecimento de ontem!
Com outros surpreendo-me da tendência que os leva a, num voo "cego"de quem parece não querer estar "presente", sobrevoarem a paisagem e, num golpe de asas, transportarem-se para outro "continente"... o do futuro, aquele que lhes parece mais promissor, mais carregado de verdadeira adrenalina, ... "ai quando eu for grande...", "nas férias é que vai ser...", "quando eu acabar o meu curso...", "depois do bébé nascer...", assim lhes parece, talvez, serem as asas mais fortes, resistentes, os voos mais altos, mais seguros!
... e penso... como funciona o meu roteiro?... e o meu plano de viagens? Que levo eu comigo quando parto em direcção ao "desconhecido"?
Pertenço a um outro grupo de viajantes que seguem viagem noutra "excursão"... e levo outras escolhas na bagagem.
Passo a explicar.... parto sempre de dentro de mim para onde quer que me dirija... o passado e o futuro ocupam pequenos espaços... não considero pior ou melhor este género de viajante. Até porque não existe conotação positiva ou negativa nestes considerandos. O eu e o mim são o meu passaporte para entrar noutros mundos, funcionam como um filtro que me possibilita traduzir para a minha realidade cromática outras "vistas" que me são oferecidas!
No entanto, todos nós gostamos, ou seria bom e natural que gostássemos, de viajar, pois essa é mesmo a nossa condição… a de viajantes! Todos trazemos, na hora de partir, futuro, presente e passado… todos trazemos muito de nós…
Seria bom, e é recomendável, levar um pouco de tudo o que nos pode vir a fazer falta!
… e, em determinados momentos, reconhecer que nos dava mais jeito ser nossa, a bagagem dos viajantes com quem nos cruzamos… e a cada dia, antes da partida, fazer um check up list , adaptando os preparativos e as bagagens, de forma inteligente e dedicada, fazendo os ajustes necessários para que tenhamos à mão os “mapas e bússolas” que nos vão acudir às dúvidas e aflições, hesitações, entusiasmos e fraquezas… a tudo… em tudo!

sexta-feira, outubro 16

xico ração

A manifestação de afecto mais completa a que já me entreguei foi, decididamente , o abraço
Há-os pequeninos e tímidos, quase de fugida em que pouco fica manifesto
Os protectores, quando um par de braços envolve na sua intenção e nas suas "asas" um par de braços que cresce com a troca
o abraço profundo e intenso, aquele que separa duas criaturas que foram uma só
o outro, o ABRAÇO, aquele que nos devolve, ao cabo de 9 meses, o fruto então concebido
e mais... o abraço sentido, que passa a emoção, a solidariedade, a irmandade de quem partilha, de bom e de mau, o que há a partilhar, começando nos nascimentos e acabando na morte
Nas minhas preferências vou dizer desde já que um xicoração é todo, TODO, bom... dá-se e recebe-se sem cerimónias nem timidezes, a uma criança, a um amigo, manda-se por mail ou msn, fica giro em letras, faz um conjunto gráfico que me é simpático, e enche a boca XXIICOOOraçÃAOOOuuu
... entendo-o desde que me entendo, é velho amigo, já dei e recebi paletes de xicorações e ainda não me cansei!!!
... e isto tudo para quê???
só mesmo para distribuir por aí à brava e à bruta xicorações
... há momentos na vida em que se selam, guerras e discussões, ou acalmam dúvidas, e saciam saudades, e tanto mais se faz com um terno xicoração!
usem e abusem, faz bem a quem dá e a quem recebe, saiem todos a ganhar e melhores pessoas!
digo eu

encontro

olhar, tocar, sentir,
olhar... mergulhar... afundar...
... desaguar...
suspirar, sorrir
olharrr
ficarrrrr

simplesmente, simples

quinta-feira, outubro 15

FACTOS E ACTOS

Quando já se alimentaram todas as ilusões e se aguentaram muitas desilusões,
quando se ambicionou mais do que se alcançou e isso não nos fez sentir mais pobres,
quando se pediu à vida mais do que nos era devido, e se aceitou o muito e o pouco que nos coube
quando se voou bem alto e se sobreviveu à queda,
quando se esperou tudo dos outros e se soube, por fim, dar generosamente sem nada pedir em troca
quando se conseguiu fazer festas sem champagne... nem convidados... só porque estar vivo é bom
quando se viu nos filhos, nossos e dos outros, o melhor panorama que deles se pode oferecer
quando se soube calar palavras e queixas, trocar guerras por paz , acalmar medos, atenuar diferenças... e, e, e, ...outro tanto
quando se conseguiram encurtar as distâncias e oferecer e aceitar ombros amigos
quando se encontrou a palavra certa que completou um puzzle
quando se disse com o olhar o que nos roubou a fala
quando se cantou em silêncio
se chorou de alegria
se sonhou acordado
se parou para pensar
se deixou de pedir
quando se aprendeu a receber, sem ficar em dívida
........................................................................................................................................
quando tudo isto e muito mais... então podemos no mínimo dizer que já cá andamos há uns anitos... e temos o dever, perante nós próprios, de ter aprendido algumas das lições de vida que se nos oferecem!
... e quando os "quandos", os "ses" e tudo o mais que nos pára ou empurra se desenrola à nossa volta, e não está ao meu alcance ser mais do que mera espectadora, exercito então a MÁGICA e ELÁSTICA capacidade de ACEITAR!
Entre factos e actos vamos obrando passo a passo, por vezes aceitando outras agindo
... e cá se vai indo...

quarta-feira, outubro 7

... coisas, que se pensam

Os anos passam, a vida ensina, castiga, recompensa, surpreende…
Com o decorrer dos anos acumulamos conhecimentos, saberes, e, espera-se que qualidades também!
Todavia, quanto mais crescemos interiormente maior é a noção de quão pequenos e ignorantes somos…
Se em termos cósmicos não chegamos a uma migalha, nem por isso devemos desistir de ser verdadeiramente importantes na nossa vida, através dos afectos e laços que estabelecemos!
Nessa missão de tão bem querer e tanto cuidar, percorremos caminhos de generosidade e entrega em que o pequeno se faz grande!
É tão gratificante sentirmos o retorno do amor que sentimos pelos filhos, irmãos e amigos, nas intenções, atenções e mimos que nos dedicam! Somos especiais e únicos nas suas vidas! E eles são os nossos maiores tesouros!
É tão carregado de enorme ternura o sentimento que cresce dentro de nós face à dedicação que nos têm os animais que connosco privam de perto! Com que doçura nos olha o nosso cão, num silêncio respeitador, sempre que suspeita que não estamos bem… e com que alegria eufórica nos recebe quando chegamos felizes a casa… parecendo sempre disposto a partilhar… o nosso mal ou/e o nosso bem… e sempre aquele olhar perscrutador e dócil, pronto para se entregar a um rápido afago ou a um sempre desejado momento de brincadeira… incondicional, inteiro!
Por outro ponto de vista , afinal que diferença faz mais ou menos um ser, no meio de tantos”mi” e “bi” e triliões???
Mais ou menos um dia de vida, na vida de alguém…. perante a imensidão dos tempos… que vale??? … Zero???…
Á escala planetária não temos peso e quase que nem existência… mas à escala dos afectos somos gigantes, únicos, insubstituíveis!
Somos o sol e os satélites na existência uns de os outros!
A cada dia, cada momento conta, único e irrepetível!
Um sorriso, uma ternura, uma palavra amiga… são esses os melhores presentes que podemos de alguém receber!
É à luz dos afectos que transbordamos de emoção, de amor, de luz!
São estas as referências que fazem os nossos dias pulsar, pular, avançar!
É essa a bitola que nos resgata ao anonimato, é a sintonia que nos pauta o caminho, a ajuda nas decisões, nas lutas, o apoio nas quedas… levantando-nos o ânimo sempre que numa ilha mergulhamos a nossa solitária identidade!
A verdadeira mola, o sentido mais profundo, a lupa que altera definitivamente a nossa pequenez!
Quando a “moeda de troca” é amor, então parece que o tempo nada levou,, e, assim, num olhar , num toque ou nas palavras tão rapidamente se reencontra quem nos é querido, como se o tempo não tivesse passado e a distância nunca tivesse existido!
A linguagem do amor sobrevive ao tempo e à distância!
No silêncio da saudade podemos ainda, por pensamentos, palavras não ditas, por recordações e memórias, manter bem vivo dentro de nós um altar para os que amamos e amaremos para lá do tempo, da distância!
A verdadeira mola, o sentido mais profundo, a lupa que altera definitivamente a nossa pequenez!
Como é grande, imensa e protectora para uma criança a sua mãe! Capaz de destruir monstros, ganhar batalhas, forte como um touro, resistente como o aço!
Como é protectora a sua presença “frágil”… à luz dos afectos aquela mulher, por amor, enfrentará os maiores desafios e fará de si uma heroína, se isso lhe for exigido pelas circunstâncias!
Sabemos que, assim como chegamos um dia partiremos sós.
Daqui, como bagagem, só os afectos e memórias levamos connosco.
Para lá do que conhecemos contamos que um criador omnipresente e omnipotente nos acolha na sua imensidão, nos una aos que já partiram antes!
Seja qual for a viagem que nos afasta dos que amamos sabemos que, dentro deles, temos um espaço só nosso, onde se arrumam todas as memórias, o arquivo de tudo o que nos demos!
Quando a “moeda de troca” é amor, então parece que o tempo nada levou,, e, assim, num olhar , num toque ou nas palavras tão rapidamente se reencontra quem nos é querido, como se o tempo não tivesse passado e a distância nunca tivesse existido!
A linguagem do amor sobrevive ao tempo e à distância!
No silêncio da saudade podemos ainda, por pensamentos, palavras não ditas, por recordações e memórias, manter bem vivo dentro de nós um altar para os que amamos e amaremos para lá do tempo, da distância!
Na presença dos que amamos, muito pode ficar por dizer, mas os laços que a eles nos unem saiem sempre reforçados, porque o amor se pronuncia e evidencia para lá das palavras ditas… o amor tem a sua linguagem própria e em gestos e olhares, até apenas pela presença do ser amado, fica todo o espaço pleno desse sentimento grande e vital, que nos dá energia, e pelo qual todos os dias sou grata!

quinta-feira, setembro 24

Há sempre uma primeira vez

Pois é... eu que cozinho à farta, e com gozo, aqui deixo a minha primeira receita

SOPA DE LENTILHAS COR DE LARANJA

Enquanto prepara os vários legumes deixe as lentilhas, previamente lavadas, de molho em água (a utilizar depois na confecção da sopa)

+ ou - 2 chávenas de lentilhas laranjas
1 nabo
2 batatas doces médias
1 batata redonda média
2 cebolas
2 dentes de alho
uma boa talhada de abóbora menina (não havendo vai frade)

Opcional
1 tomate
hortelã

Procede-se como habitualmente... panela de pressão, tudo junto, cerca de 30 minutos, antes de pôr a varinha mágica adicionar o azeite!
Pode fritar cubinhos de pão na hora e servir com uma folhinha de hortelã
... é minha e é boa!

sexta-feira, setembro 4

O prazer da leitura

É um dos grandes gozos que desta vida me ofereço, o prazer da leitura
De uns livros gosto mais, de outros menos
como toda a gente
uns por me envolverem num argumento sumarento, outros pela sua originalidade, também me rendo incondicionalmente à qualidade literária; um talento personalizado e superior para usar as palavras vestindo na perfeição a ideia trabalhada... e apurada... até que o outro, o leitor, a devore... ou com ela se delicie!
Pelos mais variados motivos faço de um livro o meu companheiro até ao voltar da sua última folha... até que o tenha consumido fisicamente da primeira à última página e possa então alimentar-me verdadeiramente de cada letra, palavra, ideia... todos os capítulos a circularem-me alinhados ou em confusão por mim a fora... e dentro!
Mas o livro que amamos enquanto o lemos, aquele que nos tilinta por dentro ao longo das horas que não passam, marcando-nos um encontro muito íntimo, irresistível, aguardando com impaciência o regresso a casa... esses não são tantos assim...
Estou aqui a teclar pensando nele, no tal apelo que me leva a sentir que tenho à minha espera um prazer, um gozo, um momento de silêncio e encontro como só na leitura se consegue.
Assim que lhe conheci o nome fique imediatamente com os sentidos alerta... pareceu-me que chamava desde logo a minha atenção:
" A Solidão dos Números Primos"
Tudo no livro vale a pena, tudo é único, jovem e rejuvenescido, original, muito muito ternurento e emotivo, maduro e profundo, leve mas muito consistente, tanto que até pode parecer pesado, inteligente, arrebatador e comovente, único!
Quando comecei a sentir o desejo de transcrever uma e outra frase, uma conclusão, ou constatação, página após página, percebi que me devia deixar levar, como um menu de degustação, uma viagem ao passado, presente e futuro dos nossos sentimentos e afectos, da igualdade da diferença e da diferença da igualdade, tão mas tão bem conseguido que tenho de parar de tempos em tempos, respirar fundo, sorrir e deleitar-me com tão fantástica partilha!
Bom, já deu para perceber, é que estou mesmo a gostar do livro!
... dá para meninos e meninas.... jovens médios e entradotes... todos... penso eu...
... ah e se querem saber autor e sua biografia, editora e coisa e tal, isso não é aqui.
Aqui é mesmo só para dizer um bolas, BOLAS... não deixem de ler... é um EXCELENTE livro!

terça-feira, agosto 4

Encanto

Estar encantada!
Um encanto de pessoa;
Acordar e adormecer encantada...
O estado do "encantado",
o acto de "encantar",
o momento encantado,
uma companhia encantadora
talvez me pareça o mais "caro" do que se possa pedir... ou sentir... esta atitude perante a vida, os outros, tudo em nosso redor, esse estado de suspensão entre o deslumbre e a desilusão, e a arte de o fazer perdurar, saboreando a simplicidade, aceitando a oferta
estar encantada é ser sempre, ou ainda, agradavelmente surpreendida
estar encantada é acreditar em coisas boas, ou saber descobri-las
estar encantada é ser ainda criança,
é viver cada momento, festejando o presente
vivo e sumarento, colorido e harmonioso,
sem medo do que depois dele virá
sem cobranças ao passado
estar encantado seria mais do que esperado
perante tanta beleza que se nos oferece,
diante do milagre da vida,
e da consciência que nos revela o quanto pequenos e insignificantes somos numa imensidão sem fim
O encantamento de sermos organismos tão quase perfeitos e completos, neste caos organizado
o encantamento de sabermos que, do primeiro dia ao último podemos crescer sem parar, caminhar sem desistir, sempre, e dentro de nós acarinhar essa alma sem idade que persiste em olhar com ternura e expectativa este desenrolar de paisagens interiores que nos encanta os dias, uns mais desencantados do que os outros... mas sempre a construir... um encanto de vida!

terça-feira, julho 28

Esperar é uma canseira
Esperar muito é Zen
... de tanto esperar adormece a inquietação que, quando é constante e continua, acaba por se esgotar
no lugar da ansiedade começa então a instalar-se uma pacífica indiferença onde o "estou por tudo" ou "venha o que vier" quase roçam o "que se lixe"
Estou há cerca de 2 meses a aguardar um pedido de reclassificação que tarda em chegar
Depois de voltas e reviravoltas infrutíferas, atirei-me em papel A4, numa escrita explicativa, concisa e emotiva, à capital... mais exactamente ao gabinete do Valter Lemos de onde veio pronta resposta! Pedia ele, (ou alguém por ele) à Direcção Regional do Sul que o meu processo fosse revisto com "URGÊNCIA"... imagine-se se não fosse esse o carácter com que carimbou o meu "caso"...
Como sou obsessiva tento não me lembrar com irritação desta espera que me desespera durante as 24 horas do dia... lá vou conseguindo...
sinto-me assim numa espécie de limbo onde não sei se me preparo para descer aos infernos ou me encho de ar para subir aos céus... tudo dentro das suas relativas proporções e relatividade, óbvio...

terça-feira, junho 9

Bons feriados para todos

Tantos os sentimentos...
tantas as palavras
tamanhas as emoções

para mostrar apenas o silêncio

no fundo as angústias embrulhadas nas incertezas
os desejos camuflados, com andrajos de frustações
o silêncio do grito mudo,
sufocado num labirinto de solidão
as ilusões sob os escombros das desilusões,

e dentro sempre a crescer
imparável
um ser de certezas
que incomoda
um mundo de humilde sabedoria
que não se pode esconder, nem calar
o bem estar que se sente
e que sem se querer agride

por alguns aplaudido
o caminho vai-se fazendo

no cume das nossas pequenas montanhas
podemos ver o afastamento de quem se sente ameaçado
crescendo no sentido inverso...
... maior a distância que nos separa ,
mais pequeno o espaço que ocupa
ali, na nossa solidão, já só o nosso olhar pede conforto
procurando ansioso o outro que cego só olha para dentro

... e por dentro o crescimento não pára
sempre, sempre
como um balão que sobe, sobe no ar
até se perder do olhar
de quem só por ver crescer se sente abandonado, traído
e por isso se revolta e por isso magoa
... e por isso lança o balão de novo para longe,
para o alto,
para lá onde ninguém o alcança,


...nem mesmo aquele que o lançou

quarta-feira, maio 20

Assim tanto espaço também não....

Então é por isso
Quando os homens e o seu mundo ocupam demasiado espaço dentro de mim, como se fossem, de facto o centro de tudo o que existe, quando o meu olhar não alcança mais do que as suas casas, as suas construções, os seu meios de transporte, o meu ouvido se enche dos sons que produzem... eles e o mundo que é só deles, com as suas máquinas, as suas vozes, os seus ritmos alucinantes e alucinados, quando para encontrar o meu equilíbrio tenho de olhar para o céu, procurar o seu azul, ou viajar nas suas nuvens, quando já não sei se as estrelas ainda brilham, se a lua está cheia ou nova, quando tudo isto e muito mais me acontece eu sinto uma irresistível necessidade de fugir!
Sinto-me mal... triste e envergonhada, pertenço a uma espécie assustadoramente invasora, parasita e prepotente, em que os mais fortes esmagam os mais fracos, até mais não poder; consome hoje em excesso, desperdiçando, o que amanhã há-de ser vital aos seus filhos;
causa sofrimento aos seus irmãos... e rejeita como irmãos aqueles que são diferentes!
Assiste indiferente ao desaparecimento de outras espécies e foge aos saltos e gritinhos quando algum outro animal se cruza no seu caminho, tem nojo das rãs e dos camaleões, confunde abelhas com vespas e desespera nas cidades porque os pombos lhes sobrevivem!
Guarda muito mais do que alguma vez vai precisar para si , ignorando que o mundo à sua volta só pode ser aprazível se houver sensibilidade e solidariedade!

terça-feira, maio 19

Cidade, para mim

A cidade surda fala-me das histórias dos homens
A cidade fala-me em excesso
... não das suas histórias de conquistas e venturas, das suas esperanças e alegrias,
... nem dos seus sonhos...
A cidade fala-me das suas misérias, da paleta suja das suas frustações, da sua solidão.
Nos seus olhos baços e tristes vejo tudo o que os homens da cidade não viveram, a alegria que lhes escapou, as árvores que não plantaram, os luares que lhes escaparam, vejo os seus futuros empenhados e as suas ilusões engaioladas em becos sem saída
O sufoco em que sobrevivem, a sua luta diária
...sinto tão absurda, intensa e desesperadamente o seu naufrágio que todo o brilho em mim se extingue!
Já não sei se o dia morre, se o sol se põe
Já perdi o azul intenso do céu
o canto dos pássaros
oh desventura, que triste ser cidade
não preciso de ser cidade para me perder de mim, nem de ser natureza para me encontrar
dentro de mim guardo a chave para encontrar toda a luz, toda a graça, toda a força
mas a cidade invade-me com toda a sua enorme e profunda tristeza e leva-me a redescobrir prantos que já esqueci, lágrimas que já não quero derramar
Cinzenta afasto-me dela, fraca e triste, e aqui, longe do betão e dos rostos anónimos e perdidos na sua inconsolavel solidão, lambo as minhas feridas e peço ao sol que me aqueça e embale!

quarta-feira, maio 13

Sem vrrrrruuuummuuuuuss, por favor!!!

É curioso quando somos levados a reconhecer a existência de algo pela sua ausência!
O ruído
Quando o nosso dia é passado num ambiente onde muita gente circula, sendo que a maior parte são jovens e crianças, é uma constante o barulho de fundo que acompanha todos os momentos das nossas horas de trabalho!
Através desse som permanente podemos sentir o pulsar dos ânimos, dos humores!
Ao entrar na escola, logo de manhã, posso, quase, adivinhar o clima... o dia da semana... a época do ano...
Outras vezes um conflito latente que provoca um sururu, uma trica, uma fofoca, novidade ou surpresa e logo as conversas sibiladas pelos cantinhos... tudo, tudo isto se reflecte no meu ouvir e se traduz numa informação que com o tempo vou aprendendo a descodificar!
A excitação do fim-de-semana ou o entusiasmo com os finais de período... ou os primeiros dias de sol, são particularmente barulhentos!
As cenas de "porradona", e então quando o conflito é entre miúdas, dão sempre um ar que se enche de ruídos de felicidade geral, de festa, com pompas de grande evento iminente, imperdível, desmarcado mesmo!
Certos acontecimentos, mortes e acidentes, doenças e catástrofes naturais, por esse mundo fora, acordam a escola num respeitoso murmurar, entre sussurros e conversas sentidas, até que a normalidade se instale de novo!
Hoje, um misterioso e acolhedor silêncio acompanharam os meus passos quando entrei na escola e subi as escadas até à biblioteca!
Uma ausência, um vazio, um limbo sonoro... como se tudo esperasse um início anunciado de qualquer acontecimento que me escapava!
Assim começou o meu dia, neste aprazível fundo sonoro mudo e quedo, onde, apesar de rodeada de cerca de 400 pessoas, me senti quase a única com existência real , e os outros faziam a habilidade de serem em silêncio, parte do meu mundo!
Sou, (falo por mim embora me pareça que não se pode ser doutro jeito), fisícamente muito sensível aos sons/ruídos que me acompanham... penso que esta sensação de "bagunça" se instalou no fim-de-semana dentro da minha cabeça, pois levei o "santo" domingo a ouvir um campeonato de motocross, ali ao alcance do meu aparelho auditivo, uma autêntica violação, em que eles vruummm, vrummm, vrruumm vrruumm todo o dia, um gasto de combustível e paciência, um desespero, dizia que este caos auditivo em que fiquei só hoje se desanuviou, "por conta" desta aprazível e aparente acalmia que hoje se respira na escola... e nem sei porque é... efeitos da crise, talvez, um compasso para digerir, um tempo para carregar as baterias, no silêncio da nossa interioridade!
Sem vrruumms, nem vrruumms!

sexta-feira, abril 24

25 de Abril

Já não se inspirava fundo há muito...
...o ar escasso já mal nos chegava aos pulmões...
... coragem,talvez o último furo do cinto... mmmnnn, ui, só mais um furinho, devagarinho, suster a respiração;
... finjo-me de morto, o frigorífico vazio anuncia-me com frieza: - Nesta casa os restos de ontem não garantem a fome de amanhã...
Descalabro, hecatombe, tsunami...derrocada, pumba e catrapumba, fujam... vem aí o seguro do carro, ai, ui, o IRC, mais o modelo 3 que não entra, 1, 2, insiste, insiste de novo, vai uma, vai duas, o tempo a passar, os prazos a fugir, "as pulgas a saltar e as meninas a aprender , quem será a mais bonita... " lá entrou... porra... vem multa, entre tentativas estou com uma semana de atraso, vem coima... que nome feio, este!!! Coima que os pariu!!!
... e nós rapa no fundo, conta o tostão, mexe e remexe no que já foram as sobras de ontem, mas o fundo do tacho já alguém o rapou... ou lambeu...
...assim se leva, assim se vai, "as pulguinhas a saltar e as meninas a aprender"... Aguentem, respirem com o ar que retiveram nos pulmões,ninguém se lembra há quanto tempo, se calhar está para lá de inválido, fora de prazo! Não há outro, aguentem-se, respirem, inspirem, não se deixem ir abaixo, olhem à volta...
Submersos em água, expectantes, aflitos por uma bela inspiração, assim encontro à minha volta um número considerável portugueses, cujo patrão é o dono do negócio, o chefe manda, ele sabe quanto nos paga, quanto nos rouba, já que aquilo que nos leva não paga a justiça que precisamos mas não temos, a saúde que se ansiava saudável, mas está mais moribunda do que um doente terminal, a educação de merda que nos leva em livros as prestações do mês de Setembro... e de Outubro... e que nos ensina os filhos a saberem coisa alguma, que no futuro não lhes vai servir para nada... nem para apertar um parafuso ou saber onde fica "a França"!
Em troca dão-nos estradas que não nos levam a nenhum lado, pontes que nos ligam a coisa nenhuma, projectos que implementados servem a meia dúzia, e folhetins políticos menos credíveis do que a escrava Isaura!
Afinal, eu só queria sustentar com o meu trabalho uma vidinha "remediada", dispenso até o restaurante, as férias por dentro ou fora, as roupas e os cabeleireiros, os perfumes e as extravagâncias, a cultura dos livros, do cinema e do teatro, como alface deixo a rúcula, a sardinha e o carapau, levem-me as lulas e os linguados... mas não há gaija que aguente um frigorífico vazio, adiar a compra de material para a escola, deixar de ir ao médico ou dentista, tudo isto em cima de um pólo aos soluços rolando sobre uns pneus carecas , encolhido e assustado porque vai, concerteza, chumbar no exame... já não é por mim é por ele, coitado vai esbarrar numa lista de incapacidades... e eu a ver...
... e depois não querem que haja depressões???...era bom, era... mas se já nos falta o ar nos pulmões há muito... estamos em apneia prolongada, forçada, imposta, o cinto está no último furo, mas folgado pois, miraculosamente, nós vamos encolhendo dentro dele...
Tudo isto era porquê.???.. ah já me vou lembrando... é aquilo do 25 de coiso, era mesmo só para vos lembrar... é que pensei nisso, ainda agora... pensem também , se vos der na bolha, se vos aprouver, aproveitem, é já amanhã, o tal de 25 de Abril...
Uma pena... parece que só serviu para deixarmos de apreciar os cravos vermelhos como merecem, cheiram tão bem, são belíssimos, sem pompa, sem peneiras, uma flor que coitada, a bem dizer nem teve ou tem culpa de nada disto!
Caiu em desuso, em descrédito... nunca mais ninguém a olhou só por aquilo que é... um flor vermelha tão bonita e cheirosa! ... e não foi tida nem achada... ele há grandes maldades... é que não lhe perdoam...já lá vão tantos anos, décadas mesmo ... e do 25 de Abril já todos se esqueceram... agora a fama dos cravos vermelhos é que ficou... acho que foi mesmo só isso que ficou...

quarta-feira, abril 22

Deixem-me zunir neste prado verde

Tenho assim uma sensação de limbo à minha volta...
os blogues que visito estão como que parados... eu mesma suspendi a vontade de aqui me demorar, venho só para confirmar que nem ventos nem marés, sem sustos ou sobressaltos, como se o migalhas fosse um momento de uma tarde quente, à sombra fresca de uma frondosa e acolhedora árvore, o sussurro quase inaudível de mornos pensamentos, voláteis, inconsistentes, que me passam pela mente desacordada, sem deixarem pegada ... e eu entregue ao prazer de uma sesta merecida!!!
Fiquem bem até uma próxima
Espero despertar deste entorpecimento ao som duma flor a desabrochar ... ou do cantar de uma atarefada abelha na azáfama do mel!

quinta-feira, março 26

... é bom , eu gosto!

Música?... sim, decididamente música é bom, eu amo... sem ela não sei como seria!... bom..., seria talvez igualmente bom, ...lugar para outros sons, outras harmonias, o respirar do planeta, o ritmo do meu coração, o suave silêncio da brisa, outros ritmos!
As cores, liiiindooo, gosto das cores, tantas, tantas, das que se extremam até às suaves, suaves... até à ausência delas, bonito, uma alegria de ver e de viver!
Ai, e o mar??, tão imeeeennnsso, tão deeensssooo, tão inteeennnssso, arrebatador, irrepetível, inexplicável, só visto! Um regalo para a vista, para o sentir!
E os alimentos??, os seus sabores, que deleite, que prazer, para o paladar, para a vista, que paleta infinita, tanto diverte, como espevita, se deixa saudade, se cria expectativa, se surpreende, é sempre um gosto, uma aventura,... eu gosto!!!
E ler???, querem maior prazer?... não que não haja, mas este, é sem dúvida um de entre os grandes prazeres! A pressa com que sacudimos outros compromissos, ou obrigações, o cuidado com que escolhemos o local para o tão desejado encontro, a calma com que acolhemos o momento em que abrimos o livro, suspensos no prazer anunciado, procuramos o fio da meada que muito gostosamente iremos desenrolar... efectivamente um gozo único, um encontro desejado que tanto nos dá... a mim dá, e eu não dispenso!
E agora vou ficar por aqui, não que se tenham esgotado os meus amores... são às mãos cheias, sempre renovados, rejuvenescidos a cada vez, estes e outros que agora se calam dentro de mim, por querer apenas dar alguns exemplos e não estar extensivamente a falar da vida boa que se nos oferece por aí!
Caramba e com tanta coisinha boa, tanto mundo para palmilhar, descobertas mil, aventuras sem fim... e nada!!! só oiço falar de lixo, merdas e cácas que não interessam nem ao mais ranhoso dos seres ranhosos... ele é crises e futebóis, crimes e castigos, e pronto eu não quero saber... gosto de muito, e demais, para olhar apenas o lado escuro que nos atrái como a luz atrái as traças!
Eu não sou traça, sou mulher e adoro viver, sem desperdícios!
Por isso faço notícia de tudo o que "bem quero"!
Daqui não sáio sem referir o gozo imenso das longas e esclarecedoras conversas de mim com mim, ou seja o pensar... que bom que é, uma boa conversa, no momento certo, os pontos nos iiiiissss, apelar ao bom senso, dar mimo, mergulhar bem fundo, sacudir poeiras, lembrar os bons momentos, entender e ultrapassar os maus, crescer, crescer, sempre sempre... é bom eu gosto!
Fiquem bem que eu vou andar por aí uns dias... mas volto... até lá...

terça-feira, março 17

Alguém m' empurra???

Altas horas da madrugada, o casal acorda ao som insistente da campainhade casa. O dono da casa levanta-se e pela janela pergunta:
- O que é que você quer?
- Olá. Eu sei que é tarde. Mas preciso que alguém me empurre. A sua casa é a única nesta região. Você precisa de me empurrar!
Louco da vida, o recém-acordado replica:
- Eu não o conheço. São 4 horas da madrugada e pede-me para o ajudar?Ah!, vá-se catar! Você está é bêbado.
Ele volta para a cama. A mulher, que também acordou, não gostou da atitude do marido:
- Exageraste! Já ficaste sem bateria antes. Bem podias ter ajudado esse indivíduo.
- Empurrá-lo? Ele está é bêbado - desculpa-se o marido.
- Mais um motivo para o ajudar insiste a mulher.
- Ele não vai conseguir andar sozinho. Logo tu, que sempre foste tão prestativo...
Cheio de remorsos, o marido veste-se e vai para a rua:
- Hei, vou te ajudar! Onde é que estás?
E o bêbado, gritando:
- Aqui..., no baloiço! ...

quarta-feira, março 11

Blogues ou telenovelas, futebóis ou mailes??

Quem disse que esta "mania" dos computadores nos mantém isolados e num mundo individualista e mais outras coisas indesejáveis e mal vistas socialmente, engana-se...
No meu ponto de vista, é mais saudável, interactivo, sociável e outras coisas que convêm a seres que vivem em sociedade, estar uns pares de horas a teclar com os amigos, blogar por aí, ver e enviar mails das mais variadas proveniências e com toda a espécie de temas e informações, divertidos ou sérios, profundos ou prólixo, pesquisar tudo e nada nesta caixinha sem fundo... do que papar telenovelas e futebóis, notícias que só o são de nome, debates da treta e muito mais, em frente a um ecran onde muitos passam o seu pouco tempo livre a emparvecer! E são esses, por hábito, que criticam os outros... é que os outros, habitualmente têm mais que fazer.
Apesar da vida não nos proporcionar os encontros e as informações que precisamos e gostamos de estabelecer, a internet não nos resolve essa lacuna mas aconchega e preenche em alguma medida... quem tem tendência para ficar agarrado certamente corre riscos... mas para isso basta estar vivo e acordar a cada dia!
Não é o isolamento... é a recusa dele... geograficamente não nos podemos encontrar com os amigos a toda a hora... mas por aqui deixamos os nossos rastos, as nossas pegadas, e vamo-nos encontrando e tocando neste mundo virtual, já que no outro é menos acessível!
Não é o andar de olhos fechados à realidade... é procurar na realidade aquilo que nos preenche, a informação que nos parece séria, a parte de realidade que nos convence. Recusamos deste mundo o que nos querem oferecer e nos parece uma prenda envenenada!
Não nos fechamos ao mundo, abrimo-nos a um mundo... que quem desconhece existir sente como ameaça... o que será que nos dão em troca de um bom jogo ou uma telenovela... como será que vivemos sem ver o que se passa no mundo e nos é tão pobremente trazido nos "telejornais"?
Não se assustem, gente da minha geração, que por aqui não ande, aqui procuramos exactamente a mesma coisa de sempre... afinal o que mudou realmente não fomos nós.... a embalagem, ou embrulho é que é outro... o que nos move é igual!

segunda-feira, março 9

Courrier nº 159 / BONDADE

O Courrier internacional, julgo que a última edição, tem uns quantos títulos muito apelativos para quem quer alimentar uma "boa onda".
Senti-me confortada por ler nas palavras de outros verdades em que acredito convictamente!
Venha quem vier, com os argumentos mais científicos e irrefutáveis, tentar convencer-me do contrário, que eu nem argumento...
acredito no ser humano, no seu potencial, na sua evolução,
acredito que quando as condições são propícias o resultado não é mau,
acredito que o caminho é o da solidariedade;
E espero que esta sociedade competitiva e individualista, que viu a minha geração nascer, crescer, e ficar madura, tenha os dias contados
que esta crise seja sinal do seu declínio,
mas acredito AINDA que isto não é o fim do mundo, como muitos querem... ou precisam... ou são levados a acreditar...
É um mundo injusto e desequilibrado que não era sustentável, e que vai, muito lentamente cedendo o lugar a outro caminho, apontando outras prioridades, outros valores;
... e se calhar foi isso que vi espelhado no tal Courrier...
... na capa a palavra BONDADE, logo me seduziu... um jornal /revista, tão sério e de excelente qualidade, não costuma trazer mimos nas suas páginas, porque é actual e a actualidade é cinzenta... e fria... mas a vida tem destas surpresas!
PS óbvio que, nem toda a gente que lhe pega vê a mesma luz a apontar um caminho justo de homens bons, tal como eu vi... mas isso já não depende de mim...

sexta-feira, março 6

Um futuro com pernas para andar

Com o título: " A felicidade é uma boa notícia?" vinha ontem, na contra capa do público, um interessante texto escrito por Miguel Gaspar;
Parece que é um tema na ordem do dia, e neste caso a abordagem surpreendeu-me positivamente
Diz ele, e agora passo à minha interpretação, que os portugueses responderam a um inquérito onde, se concluía, terem 70 e tal por cento dos inquiridos, a convicção de que são felizes... ora todos sabemos, ou muitos sabemos, que o dinheiro não dá felicidade, mas, em tempo de crise, as tensões, a instabilidade, as angústias são muitas e ser feliz, ou sentir-se bem e seguro, não parece estar há mão de qualquer um... mas o tal inquérito dizia o contrário... suscitando então a questão:
Somos felizes ou estamos a fazer de conta???..., não queremos uma pega de caras à tristeza??....
É que, se chamássemos as coisas pelo nome, e conseguíssemos, apesar de tudo, ser positivos, a vontade de mudar para melhor e o esforço de delinear uma estratégia inovadora e eficaz, traçando para nós um rumo com futuro, talvez os resultados fossem mais construtivos... assim..., como nos consideramos felizes, é um deixa andar que só visto... é uma alegria... até já temos um Carnaval quase tão brasileiro como o do Brasil!
Eu diria que em crise damos maior valor ao que realmente importa e descartamos as miudezas que noutros momentos em que nos sentimos mais "burgueses" nos parecem tirar o sono...
Mas que era bom construirmos um futuro assim com pernas para andar lá isso era...

quinta-feira, março 5

Vida cheia/ Vida parada

Uma frase deliciosa a transbordar de lucidez veio-me à ideia:
"Não sei como vai ser a 3ª Guerra Mundial... mas a 4ª será certamente com pedras e paus!" (Einstein, julgo eu...)
Estamos a consumir tudo a uma velocidade vertiginosa, acredito que um dia vamos reencontrar a simplicidade de conseguir desejar uma coisa de cada vez!
Não anseio pelo dia em que as crianças esperem com orgulho e ansiosas pela conclusão da 4ª classe para ganharem o seu primeiro relógio de pulso, como no meu tempo... mas vejo com prazer que, quem tudo tem, se entrega cada vez mais, com delícia ao prazer de estar num cenário natural, ameno, com um livro no colo, parando para mastigar um parágrafo, fechando os olhos para saborear a brisa, partilhando o convivio com amigos ou família, escolhendo estes programa em alternativa a outros que já estão para lá dos seus desejos.
Mil viagens, restaurantes e resorts, espectáculos infindos, luzes e frenezins, ofertas urbanas, invenções imensas na net, enfim, mundo e mundo
...demasiada oferta causa fastio...
O Sérgio Godinho dizia há já muitos anos que "só quer a vida cheia quem teve a vida parada"... volvidos estes últimos anos, de enorme aceleração, eu diria que só quer a vida parada quem a teve demasiado cheia!
Fiquem bem!

Ser alegremente triste

Temos diferentes maneiras de viver a alegria, e a tristeza, podendo por isso transmitir, a quem connosco convive, uma ideia distante daquilo que realmente nos vai dentro.
Entre nós, e dentro de nós, esses "estados" são geridos e digeridos, a cada circunstância, de formas diversas.
Ontem comentei que, alguns portugueses cujos blogues visitei, têm um humor surpreendente, talvez naquele momento o confundisse com alegria... uma chamada de atenção fez-me pensar...
Falo mais no meu exemplo, não porque seja o único que me importa, apenas porque tenho algum pudor em falar por outros, do que sentem, de como reagem, reconhecendo que os enganos são muitos quando tiramos ilações sobre coisas tão subtis como os estados de espírito, ou de humor!
A alegria e o humor não estão implícitos, o humor pode ser fruto de um sentido de observação crítico e acutilante, daqueles que deixa tudo à volta a ... ora ver "o português" a é um susto... não pode encher de alegria mas que dá umas piadas de rebolar no chão ,... dá, e de que maneira...parece ter em excesso o que não lhe faz falta e é pobre nas qualidades que o fariam avançar... estou a generalizar, óbvio...
-Tenho a sensação, quase certeza, que, se num local de trabalho, uma cara simpática e sorridente, mesmo que tola, esconder um profissional incompetente... a malta perdoa... já uma expressão séria, ainda que seja o cartão de visita de um funcionário solícito e irrepreensível, não tem perdão e está o caldo entornado! Tem os dias contados... não faltarão as rasteiras dos colegas, e, à primeira oportunidade, será substituído por quem melhor mostre os dentes em rasgado sorriso ... ainda que seja essa a única coisa que tem para dar!
Pagamos para que nos sorriam e tratem com solicitude, não valorizamos a competência.
Vivemos do porreirismo como sendo uma qualidade profissional, digo eu que trabalho numa escola.
Se não distribuirmos piadolas e carcarejos pelos corredores é difícil perceberem ou acreditarem que és feliz...
A alegria é, sem dúvida, um factor contagiante e uma mais valia, desde que não seja sinónimo de tolice...
O dono de um humor inteligente e dum sentido crítico condescendente sabe que está rodeado de seres muito limitados, aprender a rir-se disso é salutar, faz a catarse duma revolta que se poderia instalar no lugar do humor. Até pode rir, e nós com ele, mas isso não lhe dá felicidade!
Se for feliz será por outros motivos, não por conseguir transformar as desgraças em anedotas!
PS sei que nu não se escreve ... mas parece-me que fica muito nua, a palavra sem o acento... temos liberdade de expressão, por aqui...

quarta-feira, março 4

O mundo pula e avança

Navegando por aí vou alargando a minha rede e percebendo que os portugueses não são tristes como aparentam... existem até blogues que nos deixam com enorme vontade de voltar... a pensar e fazer humor os portuguese são razoáveis, com rasgos de genialidade, até!
É bom ocupar o pensamento com outras entradas que não as que nos chegam de dentro. Ler o que outras cabeças pensantes escrevem distrai a tristeza e empurra-a para o seu lugar... quieta, e serena, tem de dar lugar ao mundo que não pára de rolar!

segunda-feira, março 2

O desenlace

A nuvem negra e carregada desabou;
depois do dilúvio
ficou-me um silêncio calmo e triste
um vazio latejante...
um oco irremediável que só o passar do tempo e as suas migalhas tratarão de ocupar;
até lá, pouco é o que me anima...
... o canto dos pássaros
verdejante a primavera querendo protagonizar na paisagem
... o canto dos pássaros
no céu, sempre e ainda, as negras nuvens desabam invisíveis e indizíveis torturas que me atormentam o coração, as memórias...
Parte de mim resiste, não aceita, oferece resistência, aqui, onde a rejeição não tem lugar
nem cabimento ... mesmo assim quero dizer: - não!...NÃO!!!...
porque o meu sentimento é de negação!
Ninguém está preparado para ver partir os que ama.
Ninguém está preparado para ver sofrer os que ama.
Só, e apenas por isso grito no meu silêncio:
-Vá mana, deixamo-la partir, ...
o nosso amor não deve,
nem pode amarrá-la ao sofrimento!
Acreditamos, porque queremos, e conseguimos, que você está melhor agora,
e que teve uma vida boa,
e que lhe demos o que podemos, enquanto podemos
e que, agora, só nos resta desejar,
do fundo de cada célula viva que habita o universo,
que esteja bem,
para lá do sofrimento e da dôr,
tornada numa luz imensa,
e que essa luz sirva de berço à sua alma,
para que nela descanse agora em paz.
... até que os nossos desígnios se cruzem novamente
do outro lado do mistério
do outro lado da vida...

quinta-feira, fevereiro 26

Sundog millionaire

"Quem quer ser milionário"... o "filho de um cão" quis... e com que força...
O que eu gostei do filme
Há tempos que não via um, que, de modo tão completo, me enchesse as medidas
Não lhe caí nos braços, até levava um pé atrás... quando toda a gente elogia muito um filme, costumo concluir que eu não sou toda a gente!
Gostei de todos os ingredientes, em doses sóbrias e com encaixe perfeito... que mais posso eu dizer... é bom ficar rendida e apenas acrescento: - Não deixem de ver o filme!
PS já a a Viscondessa deliciei-me com a música, a imagem, a reconstituição, e o argumento que também é valente... só escorreguei na interpretação da Keira Knightley, que além de ter um nome difícil à brava de pronunciar faz o papel de fora para dentro, nãO AGARRA A PERSONAGEM COM A MATURIDADE QUE EU GOSTARIA... ATÉ PORQUE É UM PAPEL APETECÍVEL, (bolas para o capslock... agora fica mesmo assim...) e ficamos a pensar se não haveria outras dotadas para vestir aquela rica personagem... não é que seja má interpretação, mas, para mim, é muito poucochinha!

sexta-feira, fevereiro 20

o que me faz feliz

Levei um tempão para postar estas fotografias aqui em baixo...
Aparecem, não há dúvida... mas umas cortadas (a da alfarrobeira com a bolinha vermelha está quase erótica... eram várias bolinhas as outras sumiram), a minha cama na relva está encolhida, a chaminé por metade... fora o resto!
Somos uma gente de boa vontade e o que conta são as intenções... juro que a minha foi boa!
... um dia, vou saber como se faz... não se sabe é quando...
... tal como a chuva... eu SEI que vai chover... não sei é quando...
... mesmo assim são bonitas... enchem-me o olhar... a alma... e são os "retratos" daquilo que me faz feliz!
PS... eu não digo... meto-me em avarias e é o que dá... as fotos agora estão sempre em cima... e este post apareceu em baixo... migalhas...
PS2 : as bolinhas reapareceram e a chaminé comôs-se... não fui eu...mistérios...

A kaxaça não é água não, lai, lai li

Mais um Carnaval, mais um ano sobre o meu nascimento, e vão 53!
Escolho esta data e o 31 de Dezembro para fazer um "balanço"
Até quarta feira estarei até fechada para isso mesmo, fazer o BALANÇO!
Nunca achei particular graça a esta época, talvez porque sempre decidi por mim, quais os momentos propícios para me libertar de espartilhos, para ser "maluca", fazer a festa, vestir o que me apetecia, e, acima de tudo, nunca dei demasiada importância ao que o senso comum pensava das minhas opções/ acções! Não por mérito meu, apenas porque "me criei" nos anos revolucionários e libertadores em que tudo era possível... tal como no entrudo (que mal que soa, entrudo)!
Para lá de outros motivos, penso que esse é um gozo especial que o comum dos foliões extrai do Carnaval... poder andar de mama ao léu, cantar e dançar à maluca, usar cores para lá do que é um arco- íris, ir para a rua quase nu, ou na pele do que a imaginação atingir, fazendo dos estranhos amigos, como se não houvesse amanhã, numa comunhão em que só a "alegria" vale...
É uma catarse colectiva, um vale tudo, ninguém leva a mal, e quanto maior é a tristeza e a desilusão maior tem de ser a festa, mais inesquecível, mais libertadora! Este ano deve ser mesmo de arrasar...
Acho bem, embora o meu achar não seja por aí chamado, parece-me salutar e oportuno estes dias de libertação... a vida não está nada fácil e alegria nunca é de mais... poderá ser pateta, mas será bem vinda!
Que todos se divirtam e que quarta feira possam sentir que o Carnaval os deixou mais leves, comunicativos e com alegria que chegue à Páscoa... depois logo se vê...
PS usei e abusei de palavras da familia "liberdade" mas o Carnaval é isso mesmo... abusar com força e sem medos!

quarta-feira, fevereiro 18

plof... plof...

Por nada de especial... por tudo em geral... o mundo... a vida... as pessoas,
por vezes parece-me inútil, os esforços parecem-me vãos, as lágrimas desnecessárias, os sorrisos frágeis, os amigos distantes, a solidão pesada, os dias longos, a vontade nula, nada compensa, nada vale a pena... ( e isto sinto eu, que até nem tenho razão de queixa... ou tenho???)
Ficar imóvel, fingir-me de morta... pedindo ao recém chegado sol que me aqueça e ilumine este frio interior
Um dia, um colega de infância de que já não me lembrava, mas que me avivou muitas memórias, revelou uma verdade mal escondida... em criança os meus comportamentos irredutíveis e obscuros roçavam o autismo... bom, ele disse que eram "profundamente autistas"... eu não acredito.... mas que ando lá perto, nestes dias assim, ando...
Não me consolem, nem vale a pena, isto há-de passar... não se sabe é quando!

sexta-feira, fevereiro 13

Bom fim de semana

O fim de semana à porta, finalmente
Estou bem
A natureza já chama por mim
Qualquer bocado de chão, menos duro, me serve para ali ficar, estendida, a ouvir os zunidos, os zumbidos, os pius e os pios
Ao longe, por detrás de todos os sons, o de um motor a trabalhar diz-me que não estou sózinha nesta vida... antes assim!
O sol, que ainda não está demasiado quente, acaricia-me as memórias de dias frios, tornando-os distantes e leves...
Gostava de viajar numa nuvem, leve e descomprometida, levada pela brisa
Gostava de saber cantar como o melro
Gostava de ser a semente que aguarda o sol para desabrochar
Gostava de ser a abelha que recolhe polén, de flôr em flôr
Gostava de ser a areia limpa da praia, que goza os primeiros calores no rescaldo resguardado do Inverno já sem força
Mais do que tudo isto gosto de ser Inês, a que partilha estes e outros gozos, que viaja com a nuvem, a ouvir o melro cantar, deitada sobre as sementes que agora desabrocham, rodeada de pássaros e abelhas, em comunhão de festejo pela Primavera que se anuncia, sabendo que lá, à distância de uma vontade, a areia limpa espera por si, o mar enrola na areia, bate nela e está feliz!
... e não é para estar contente???... pedir mais????... não!!!... gostava apenas de ainda ter amanhã o que hoje festejo, e agradeço!

quinta-feira, fevereiro 12

... "QUE FORÇA É ESSA QUE TRAZES CONTIGO????"

QUE FORÇA É ESSA AMIGO, QUE SÓ TE FAZ ACREDITAR, QUE SÓ TE FAZ ACREDITAR, QUE FORÇA É ESSA AMIGO..........................
Na letra do José Afonso a força era braçal e fazia obedecer... neste caso é uma força guadada no peito, que faz acreditar!
O trajecto era Jardim da Estrela - Príncipe Real
O diálogo:
91 anos/ a mãe:
- Hoje fui passar a tarde com ela... fui a pé...
52 anos/ a filha:
- ... A pé????? Mas ainda são 20 0u 30 minutos a andar...
91 anos/ a mãe:
- Oh filha, para lá é sempre a descer!!!
Conclusão: Quando a atitude é positiva, grande a força de vontade, franca a generosidade, os caminhos fazem-se mais perto, as descidas mais suaves e as subidas menos íngremes...
Que melhor herança poderia eu pedir do que um exemplo de vida que me dignifica o orgulho que sinto e me faz sentir que não tenho o direito de criticar ninguém pois muito do que tenho de bom não devo a mim mérito algum... tive na vida a sorte, o privilégio de ter uma pequena grande mãe!
Metro e meio de mulher... um UNIVERSO de beleza humana!
... sem dúvida... eu tenho uma heroína na minha vida!

quarta-feira, fevereiro 11

Desafio da Minuxa

O livro que eu tinha mais à mão chamava-se "O nabo gigante"e não tem mais que 2 ou 3 dezenas de páginas; lancei a mão a outro, aqui mesmo atrás de mim, vantagem de trabalhar numa bib, ainda que escolar!
O livro chama-se "O Deus das Moscas", escrito por William Golding e publicado pela primeira vez em 1954; ainda não o li mas está na forja...
6ª linha, página 162, reza assim:
"O crânio olhava para Ralph como alguém que sabe todas as respostas, mas não....
(... quer revelá-las.)... diz o William!
... e eu:
"O crânio olhava para Ralph como alguém que sabe todas as respostas, mas não as pode revelar, fazendo por esconder dentro do seu olhar vazio as verdades que o rapaz teria de desvendar sózinho... tudo iria depender de si, da sua fé ou do seu cepticismo, dos caminhos que escolhesse, ou se escolhesse não escolher caminhos!
Ali, no seu oco e irredutível silêncio, o crânio percorria os meandros das suas memórias, buscando incansável, os primeiros sinais que o tinham acordado para a REVELAÇÃO!
Não ia ser fácil, dono de uma energia inquebrável Ralph procurava a verdade fora de si, como é próprio de quem, ainda há pouco, se fez ao caminho.
Já a caveira, dona de larga experiência, embora aparentemente dona de coisa nenhuma, sentia dentro dela o brilho e a força do conhecimento.
Senhora do mistério, dona da verdade, olhava maternalmente o seu protegido, paciente e compreensiva, conhecedora dos tortuosos caminhos deste lado de cá, aguardava, conformada que o destino se cumprisse e que a oca cabeça de Ralph lhe indicasse, finalmente, qual a sua verdadeira missão...
PS muito adjectivo e acaba num vazio, mas gostei de escrever e de ler no fim tb!

terça-feira, fevereiro 10

Sol, podes vir, estou preparada

Está-se me a secar o bolor, vai-se-me indo embora a húmidade, já sinto os pés... e as mãos, as articulações mais elásticas, o olhar mais curioso, os dias menos encolhidos, o sol mais generoso
o vento não parece mais querer arrancar-me o couro, a lama está a secar, os ouriços vão aparecendo, os pássaros, enganados, antecipam-se em cantos primaveris
as nuvens menos solidárias vêm avançando mais sós, menos negras e carregadas, passam mais ligeiras, deixando as suas zangas noutras paragens
o sol já ufano, sentindo o seu protagonismo eminente, arregaça os raios que nos hão-de aquecer, prepara o calor que nos vai desabrochar...
encolhidos, pálidos, deprimidos, depressivos, enregelados, quase vivos, chegamos aos dias de sol como se anos de luz se tivessem atravessado entre ele e o planeta azul!
Mas não... é somente mais um Inverno que cumpre o seu timming, zeloso e metódico, contempla-nos com as suas melhores especialidades, fresquinhas, molhadas, cinzentas e empapadas, frias e enregeladas!
Gosto das quatro estações... mas... confesso a minha tremenda carência... dêem-me sol urgentemente... estou cansada de me esconder entre as paredes de casa, tenho saudades de me misturar com as árvores, as minhas baterias solares estão no limite... agora só mesmo os olhos fechados, o corpo estendido no chão, entregue sem resistência nem pressa, esquecido de tudo, rendido ao sol e ás suas carícias, sem palavras, apenas habitado mais uma vez pela gratidão, pelo prazer do seu usufruto!

quinta-feira, fevereiro 5

Quero margem firme..., não há???... bem me parecia!

Deixo-me levar, ao sabor da corrente,
solta, à deriva
rio abaixo, rio acima
ribeira quieta,
ou inquietas águas, sobressalto de remoinhos;
em baixo os seixos lavados aguardam calmias
no fundo a vida aquática
recolhida no frio,
escondida na sombra de negras nuvens

Deixo-me levar, ao sabor da corrente
nem sempre a margem me trava a deriva
também uma pedra, ou um pau me impedem de chegar.
Na margem tenho raízes
reconheço o chão que piso
seco os meus sustos ao sol

Assim, à deriva, vou desprotegida, sem rede, sem raízes, sem rumo
porque o rumo é filho da corrente que arrasta consigo a minha vontade
chego a pensar que melhor seria não ter vontade,
já que a vontade da corrente é mais forte do que a minha.

quarta-feira, fevereiro 4

Monopólios???... não obrigada!

Afinal a EDP é minha amiga, já não está zangada comigo e, pelas 10 da manhã encheu-me os fios de electricidade, novamente!
... ainda bem, porque, se ela não me desse luz, ninguém mais o podia fazer... que agradável, não termos alternativa... assim nem temos de andar para aí a comparar e estudar as outras hipóteses... a EDP é duplamente minha amiga!
Viva a EDP
PS e, se mais logo ela me faltar de novo, não é culpa dela; será concerteza para meu bem e de todos nós, ou ainda algo que lhe é alheio!!
Por isso viva a EDP

terça-feira, fevereiro 3

Dois posts num só... será da crise???

A quem alguma vez duvidou posso agora afirmar sem margem para dúvidas:

-ESTAMOS NO INVERNO!

Guardo uma dor no meu coração, nada que eu possa modificar, portanto faço por aceitar o inevitável destino, com tudo o que tenho de racional!

Se dou asas às emoções, que ponho no olhar atento com que acompanho uma filha de Deus, irmã de sangue, que está a travar uma luta pela vida, desigual e dolorosa, partindo o coração a quem nada pode fazer... senão esperar o melhor e aceitar o pior, dizia que se me entrego, perco a razão e recuso-me a encarar esta realidade como um facto doloroso... mas natural!

Vou-me escapando à dor, e ao inverno, por entre os grossos pingos da chuva!

Atenção, isto é já outro POST
A EDP, que não quer que nada me falte, fez questão de, no último fim de semana, me esfregar nas horas um escuro que só visto... eu explico... faltou a electricidade no monte pelas 10 horas de domingo, e só se fez luz na segunda feira às 18 horas... até custa a acreditar.

Fiz inúmeros telefonemas, falei com a Ana Luisa, a Débora, a Susana e até a Marta, fora as outras... todas me davam previsões, nenhuma sabia que a história já vinha de outros capítulos e assim de previsão em previsão, apalpando o escuro e chamando a trifásica através de fios e mais fios vindos de cantinhos privilegiados do monte, lá se conseguiu salvar o miolo da arca congeladora! Foi o que se salvou pois a sensação de negritude em tudo à minha volta, essa persistiu.

Terça feira, à hora do almoço, tudo estava nos conformes... MAS, no regresso a casa, pelas 18, era já o escuro que me esperava de novo, hora após hora, pela noite dentro, arrastando a madrugada consigo e esperando a aurora para que luz se fizesse... só merdas que "matormentam", como desabafa o SAM!
É certo que, como se pode perceber pelos primeiros parágrafos do post, não é o escuro que me aflige, nesta passagem da minha vida... mas garanto-vos, não ajuda mesmo nada...
... se calhar mais logo... mais do mesmo...
... se ao menos da capital viesse uma luz, uma esperança, um momento de alívio...

quarta-feira, janeiro 28

Ridícula tristeza, a nossa!

É recorrente, nos meus passeios por aqui e por aí, sentir, o quanto desiludidos os portugueses vivem, consigo e com o seu país... parece , de facto, que nada se consegue mesmo aproveitar... o desalento e o desânimo são transversais, do mais novo ao mais velho, do mais rico ao mais pobre, como uma seta envenenada que trespassou a sociedade portuguesa e a deixou triste e envergonhada de si, sem esperanças nem desculpas, todos estão de acordo, todos sabemos o que sentimos e vemos!
... e eu não posso deixar de concordar com aquilo que está bem à vista de todos e perguntar-me... onde será que nos perdemos, que será que nos aconteceu?
Já antes de nós, muito antes, sofriamos destes sintomas, destas incapacidades, e, se sempre me divertiu vê-los retratados com mestria, o mesmo já não se pode dizer do convívio directo e o incómodo que acarreta esta "conformada forma de vida"!
Não sei onde começou, ou se algum dia foi diferente, como a nossa história parece indicar, mas sei que, enquanto outras gentes de outros países, europeus, percorria passo a passo, a aprendizagem dum colectivo civilizado, organizado, cultural, até solidário, até crítico, nós viviamos como ostras, cinzentos e fechados, em grupos muito restritos, pouco mais que familiares, silenciando tudo o que nos pudesse denunciar, querendo parecer amorfos, despercebidos, diluidos num todo sem côr, sem forma, medrosos e assutados, sabendo que a voz, ou a diferença, poderiam ser a nossa condenação ou daqueles que faziam parte do nosso pequeno círculo... tudo muito pequenino, mesquinho e sem horizontes.
Não acredito que isto explique tudo, ou grande coisa, mas para mim é mais uma achega... a verdade é que não ajudou nada, já íamos rotos... ficámos nus... depois, veio a "liberdade", a festa,... mas, afinal, não estávamos ainda preparados... só soubemos pegar em penas e plumas, deslumbrados com a nova vida, esgotámos as oportunidades, fomos ficando tristes e ridículos ao ponto de já não convencermos ninguém de coisa nenhuma!
Eu, cá vou andando, não faço promessas, vivo o meu dia a dia dentro das minhas possibilidades, futebol e telenovelas passam-me ao lado, acredito na capacidade que cada um de nós tem para melhorar a nossa e a vida e a vida em geral, gosto das pessoas, independentemente da sua origem e vejo-nos a crescer, não estamos estagnados, vamos desenvolvendo um sentido autocrítico generalizado, trabalho numa biblioteca escolar e, em 8 ou 9 anos, vi muita coisa acontecer, para melhor, estamos a evoluir e os nossos miúdos de amanhã vão ser, certamente, melhores cidadãos ou pelo menos mais bem formados!
Sério, ... não murchem, isto vai devagarinho mas está a andar.... parece parado, muito quieto, mas não... está mesmo a andar!
... e quem diria que na sociedade americana se estava a preparar uma mudança?
O Bush, com a sua bestialidade, alimentou sonhos de mudança que não eram visiveis, mas foram eles que acordaram muitos e muitos americanos que estavam adormecidos para a política... quando o sino lhes tocou "acudiram" ao país e mudaram-lhe a rota... ao que parece!
... ... um dia vamos estar preparados, é para isso que eu trabalho... TODOS OS DIAS, com a certeza de que cada acção faz a diferença, e, com humildade, partilho experiências e aponto caminho a quem anda à deriva!

o que me faz feliz

o que me faz feliz
o meu mundo ao contrário

O meu Farol

O meu Farol

A bela foto

A bela foto
o descanço dos meus olhos

A minha cama na relva

A minha cama na relva

O meu Algarve

O meu Algarve

...enquanto uns trabalham...

...enquanto uns trabalham...