Deixo-me levar, ao sabor da corrente,
solta, à deriva
rio abaixo, rio acima
ribeira quieta,
ou inquietas águas, sobressalto de remoinhos;
em baixo os seixos lavados aguardam calmias
no fundo a vida aquática
recolhida no frio,
solta, à deriva
rio abaixo, rio acima
ribeira quieta,
ou inquietas águas, sobressalto de remoinhos;
em baixo os seixos lavados aguardam calmias
no fundo a vida aquática
recolhida no frio,
escondida na sombra de negras nuvens
Deixo-me levar, ao sabor da corrente
nem sempre a margem me trava a deriva
também uma pedra, ou um pau me impedem de chegar.
Na margem tenho raízes
reconheço o chão que piso
seco os meus sustos ao sol
Assim, à deriva, vou desprotegida, sem rede, sem raízes, sem rumo
porque o rumo é filho da corrente que arrasta consigo a minha vontade
chego a pensar que melhor seria não ter vontade,
já que a vontade da corrente é mais forte do que a minha.
Deixo-me levar, ao sabor da corrente
nem sempre a margem me trava a deriva
também uma pedra, ou um pau me impedem de chegar.
Na margem tenho raízes
reconheço o chão que piso
seco os meus sustos ao sol
Assim, à deriva, vou desprotegida, sem rede, sem raízes, sem rumo
porque o rumo é filho da corrente que arrasta consigo a minha vontade
chego a pensar que melhor seria não ter vontade,
já que a vontade da corrente é mais forte do que a minha.
16 comentários:
eu já tinha ouvido falar de muita coisa, mas provar uma corrente, não!
sabe a quê?
é só coisas que tatormentam né? a mim tb!
fica com um beijo docinho.
o teu poema é lindo, deve ter sido difícil parir este filho, mas é lindo.
Vício... o sabor da corrente é doce quando as águas estão calmas.
Quando se tornam turbulentas o gosto é adstringente ao ponto de me cortar o ar, fico como peixe fora de água.
De resto a corrente tem o sabor da água com gazeificada... dá-me gás para seguir em frente!
Olha o Sam, desta vez postamos em simultaneo... que GGGIRO!
Quais difícil, Sam isto é tudo a fingir, teatrinho.
margens firmes?
As margens e as correntes somos nós.
Somos nós que fazemos as correntes e que construímos as margens.
Doi deixá-las, mas só assim se avança, mesmo que contra a corrente.
beijinho
Olá Inês.
Gostei muito deste seu poema. Lindo.
Que bom seguir as margens e acordar nas paragens para recarregar novas aventuras.
As aguas seguem e ninguem pode pará-las. Elas são a vida que corre no rio da nossa vida.
Minuxa é isso ... as margens somos nós, às vezes feitos de areias muito movedíssas, outros de chão firme!
Direitinho obrigada pelo cumprimento.
Sabe, eu não chamaria a isto poesia,o facto é que eu, quando estou menos verborreica, gosto de arrumar as palavras que me saem assim em frases mais curtas, não é para enganar ninguém é que me dá mais força...
Beijo doce em ti amiga e bom fim de coiso. Não te esqueças de amar muito!
Até agora, considerei a inspiração dos Delfins, não ultrapassável, hoje depois de ler esta "margem firme" percebo que em boa verdade Tu és como um rio que corre sem parar... sem destino? Hmmm... hmmm... o destino sabes tu que te aguarda, feliz, numa das curvas do presente.
Let de courrent floo...
;))
Bom dia Inês
Acordei muito cedo e estive a acabar um poema sobre o rio da minha cidade. Como eles nos fazem andar ao sabor das correntes e nos provocam sentimentos que são únicos
Fiz ainda outros trabalhos.
Faça uma critica e ficarei satisfeito
Sam eu nem tento outra coisa... amar muito, às vezes não é fácil, as pessoas e o mundo nem sempre é amável... mas no tentar é que está o ganho!
Bartolomeu, as letras dos Delfins são, muitas vezes, parecidas com listas de ordens ou sugestões a quem as ouve, tipo, tens de... deves, vai, escuta, não, isto, não aquilo, não sei, parece-me ver sempre um dedo do Miguel Ângelo, em riste, a apontar caminho a quem o ouve, será complexo meu?, que tenho aquela mania do "só sei que não vou por aí"...
Vou já espreitar Direitinho, obrigado pela sugestão!
Inês
A poesia é um tipo de literatura que aprecio. Achei o poema belissímo.
Na verdade, devíamos pensar sempre assim. Ao sabor da corrente a vida será melhor.
Daniel
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