terça-feira, fevereiro 26

Vai um cigarrinho???

Já vou sentindo pena dos fumadores! As restrições têm, ou deviam ter, limites...
Não é habito ir a grandes superfícies mas, fiquei pasma, quando verifiquei que nem naqueles espaços imensos de cafés, restauranrtes e lazer lhes foi facultado um cantinho... caramba, uma ou duas mesinhas, 3 ou 4 cadeiras... coitados, é demais!

Foi assim que, por solidariedade, vim para a rua ver fumar; estava um temporal de arrepiar, as lonas no exterior do Centro abanavam como se quisessem arrancar as fundições do edifício... e nós ali, seguros à chávena de café não fosse o vento arrastar-nos na sua fúria... foi então que o meu homem disse : "- Ao consumo de tabaco só apontam defeitos, mas, como vês, até promove a vida ao ar livre!!!"

sexta-feira, fevereiro 22

Catarse

O meu migalhas é um diário, uma viagem interior onde os gestos se repetem até ao enjoo...
Quando releio o que anteriormente escrevi, o que quase nunca faço, nos dias que correm, percebo que isto é mais de mim para cumim do que outra coisa!
Para aqui venho expôr o que penso, carpir os meus negros, arejar os meus mofos, sempre mais do mesmo, uma pescadinha de rabo na boca, um QUASE monólogo em que o eu, o meu e o mim andam de braços dados; não tenho só olhos para o meu umbigo mas é o que aqui parece!
E eu, e os meus pensamentos e as minha coisinhas de dentro e de fora!
O que me vale é a boa consciência e o prazer da prática da escrita em si: adoro escrever, tudo, cartas, textos, reclamações, propostas e projectos e aqui satisfaço esse gozo!
A minha vivida mãe, com a respeitosa idade de 90 anos, cheios de pedalada, adora ler-me, acho que é talvez por ela e a ela que devo estas migalhas!
Separam-nos 300 Km e encontrei esta forma de lhe fazer companhia; muitos destes textos que aqui posto são copiados, selados e voam para encurtar distâncias e enganar as saudades... ontem disse-me ela que tinha recebido mais uma carta e comentou, consolada, que "muito temos conversado as duas, nestes últimos tempos"!!!
Fiquei feliz, muito feliz... aqui, longe dela, recuperei o hábito das cartas, e o consolo desses pequenos encontros que nos aproximam.
Guardo dentro de um envelope as palavras que lhe quero dar, fazemos os nossos encontros possíveis e sentimo-nos bem porque damos a volta às saudades! De mim para ela, pois, do lado de lá, já todos os tesouros me foram dados.
As cartas caíram em desuso... para mim continuam a ser o registo de uma vontade, de uma ideia, do desejo de um encontro, único... insubstituível!
A quem disser que as cartas "já eram" eu respondo que nem elas nem os livros hão-de morrer!
Ter na mão um livro, sentir-lhe o cheiro e o peso, passar as folhas uma a uma, devorá-las ou saboreá-las ao ritmo que bem nos aprouver, depois poisá-lo ao nosso lado , fechado, cúmplices do que nos demos...
Assim também uma carta cumpre uma intenção... duma filha para uma mãe, carregá-la do mimo que merece, dar-lhe a certeza de que vive em nós por tudo o que de bom nos deu, sempre presente nos nossos afectos, nas nossas memórias!
Eu não saberia como resolver o meu mundo sem umas cartas aqui e outras ali... diferentes motivações sempre o mesmo formato... num A4 digo o que quero e penso, e por estranho que pareça é mesmo a minha medida, excepcionalmente sobra ou falta espaço!

Quem é o dono disto???

OS HOMENS PENSAM EM FEITOS, AS MULHERES EM FEITIOS!
P.S. não quero usar esta frase como se fosse minha, mas ontem, veio-me assim de dentro como se acabadinha de articular; senti-me a traduzir numa frase simples, aquilo que divide muitas vezes os dois sexos! Mas logo me veio a dúvida... afinal talvez a frase tenha entrado, fiz-lhe a digestão e saíu como se fosse inédita... talvez eu esteja a citar e não sei a origem, que me desculpem o abuso, pois não perde por isso a verdade!

Aqui e agora

Venho embalada em memórias que me foram acordadas na visita ao Claras...
Curioso... quando olho o meu passado sei que nem tudo correu bem, posso mesmo garantir que lutei, muitas e muitas vezes, pela minha sanidade mental, até ao limite de sentir que ela já me estava a escapar sem eu ter dado por isso...
Apesar das circunstâncias me terem sido penosas não sinto nem uma pontinha de azedume;
sempre assumi que ficar era uma opção... minha e de mais ninguém!
E dá-se um fenómeno muito curioso... as minhas memórias desenham-me nos lábios um sorriso tranquilo... tudo bem, sei que podia ter tomado outros rumos... olho para mim, aqui, agora, e reconheço que soube aproveitar, e muito, para fazer de mim um ser humano , uma mulher melhor! Com mais certezas e mais capaz de encarar as dúvidas.
Nada mais sobressai a essa certeza;
Foi a vida que escolhi, ou por ela fui escolhida, e por onde andei colhi... colhi conhecimento, de tanto morrer e renascer aprendi a relatividade dos dramas... e de tudo o resto!
Nem raiva tenho, a ninguém... sou incapaz de ódio!
Aprendi a ficar sozinha com as minhas fragilidades e a encontrar nelas alguma força!
Nem sou muito de subir ao sótão dos meus arquivos, só porque, noutros tempos o tive de fazer, obsessivamente, na tentativa de entender o presente; tenho os dias muito preenchidos, não é altura de arrumar a casa... sei que de tempos em tempos o silêncio vem e exige o seu espaço... quer como resposta um olhar para dentro, um compasso de espera... assim o faço.... depois lá vou eu outra vez...
Gostava de, na recta final seja ela qual for, olhar para trás e ver refectida no espelho a imagem duma mulher que, no olhar revela um sonho e nos lábios a tranquilidade de um sorriso maduro, onde se lê o equilibrio do fiel duma balança, de um lado a capacidade de entender e perdoar, a si e aos outros, do outro a vontade que persiste, a garra a força, o prazer da luta e da conquista que dá fibra e sentido aos passos que , uns perseguindo os outros, fazem o caminho e definem a rota!

quarta-feira, fevereiro 20

SUBLIME

Sublime - muito grande; elevado; excelso; muito nobre; grandioso; magnífico; explêndido; diz-se do estilo, caracterizado pela elevação de pensamento e beleza de expressão; o mais alto grau de perfeição.

Cá está uma palavra que me põe nos píncaros... é o projecto máximo, o inatingível, a luz no fundo de todos os túneis, o ponto onde, por mais perto que se chegue, nunca se atinge, a tradução de uma ambição humilde: todos reconhecemos que a perfeição não existe mas, apesar da certeza de nunca a atingirmos, podemos levar uma vida inteira batalhando por essa meta, sabendo nós, à partida, que o caminho por mais esforçado que seja, nunca terá fim !
Nem por isso deixamos de o percorrer e talvez seja este um projecto transversal a muitas gerações... levamos o facho e quanto mais longe chegarmos maior a herança para os que seguem depois de nós!

Sublime... palavra serena, mágica, cala dentro de mim ruídos incómodos dum mundo com pés de chumbo e cabeças quadradas... em vez dele, no sibilar da palavra, escorrego para fora de mim e fico a pairar, de respiração suspensa, por entre o maravilhoso e sublime planeta azul, que nos acolhe e serve todas as necessidades e caprichos... até ver...

terça-feira, fevereiro 19

Os olhos do Sócrates

Ontem o nosso primeiro foi à sic, para uma entrevista em que, mais uma vez, conseguiu ser ele a tomar as rédeas da conversa... assim me pareceu....
Bem informado, educado, controlado, político, muito seguro e senhor de si, calou as perguntas incómodas que lhe eram feitas, por mais de uma vez.
Mais uma vez conseguiu manter uma aparência digna e tranquila... bom... para ele!
Tenho de assumir que lhe estou a fazer um elogio, não que goste, mas é a pura das verdades!
Mas o que verdadeiramente me levou a escrever este post foi uma dúvida que me ficou a atormentar: afinal, de que cor tem ele os olhos??? Sempre me pareceram castanhos, não que lhes tenha jamais prestado grande atenção, mas ontem estavam tão azulinhos e cintilantes... não havia como fugir, ali estavam muito azuis, no centro da minha televisão, a atirarem-me para esta dúvida inquietante: será que eu nunca lhe tinha olhado para os olhos ou ele resolveu assumir um novo look 2008...???

sexta-feira, fevereiro 15

Mais uma utopia

Os dias dos políticos, tal como os conhecemos até hoje, parecem estar contados... o que virá depois, ninguém sabe...
De tanto puxarem a brasa à sua sardinha, acabaram por ostracisar todos os que, não fazem parte da festança; já têm o bandulho cheio e não param de enfardar... eles e os outros meninos egoístas, vizinhos do quintal ao lado, que atiram fisgas, pedradas e baldes de água fria para desmoralizar o grupo reinante; querem que acreditemos que também nós fomos convidados para a sardinhada! Como se não soubessemos já que eles preferem atirar as sobras uns aos outros a deixar-nos apanhar as migalhas!
Enquanto o arraial entre os dois mais perigosos gangues da nossa pacífica comunidade continua, convencidos uns e outros de que a rapaziada cá por fora anda adormecida, entretida com futebóis e telenovelas, o improvável vai acontecendo: a massa humana anónima está a ganhar sentido crítico, estamos fartos de, da sardinhada, só o cheiro nos chegar!!!
Vejo aparecer um cidadão comum mais esclarecido, mais realista, farto de promessas por cumprir , farto de esperar por dias melhores, farto de injustiças e mentiras, farto de cheirar as sardinhas que os outros comem, com o maior dos desplantes, entre luxos e bonomias, perante uma sociedade empobrecida, triste e esgotada, sem mais furos para adelgaçar o aperto da magra cintura, exaurida por tanta extorção, doente por falta de esperança!
O sucesso de Obama leva-me a pensar que, acima dos partidos, das esquerdas, centros e direitas, estamos a pedir conteúdos mais humanos e verdadeiros;
o prototipo de embalagem cinzenta, ainda que possa ser aconselhado pelos inacreditáveis gestores de imagem a usar gravatas coloridas e fofinhas, que vão do amarelinho ao rosa, já esgotou todos os discursos demagógicos em que, está à vista nem os próprios acreditam!
É este o contexto ideal para aparecerem Obamas deixando-nos presos a palavras de verdade, num discurso coerente em que se revêm, penso eu, os homens e mulheres que estão carentes de esperança e reclamam um futuro mais justo!
É este o momento em que, para minha surpresa, volto a torcer, fazer figas e acreditar, acreditar que, para além da revolução e tomada de consciência que devemos fazer dentro de nós, a nível individual, talvez também a política de quem nos governa esteja em "brutal" mudança, deixando escombros de sucessivos governos voltados para si próprios, esquecidos de valores mais humanos de altruismo e distribuição solidária de benefícios e deveres... pode ser que eles ainda continuem a pôr a K7 da conversa oca por mais tempo, mas pode ser que já poucos lhes dêem ouvidos... calhando já só restam os próprios, os famintos do quintal vizinho, e os sabujos lambebotas à espera dum lugarzinho ao sol para a filha, a afilhada e a amante!
O tempo dos vampiros que tudo comem parece ter os dias contados... agora, para que não lhes tirem o poder, só usando métodos menos "democráticos"... ou fraude nas eleições ou... À BRUTA...só ao tiro vão conseguir afastar quem já lhes roubou o poleiro... quem já conquistou a atenção e o sorriso dos homens e mulheres que pedem um futuro mais justo para TODOS!
O Obama que se cuide... atrás de cada esquina uma emboscada espreita, poderosa e determinada a não largar o osso a matilha rosna e pede sangue...
É mesmo um ponto de viragem... não sabemos o que lá vem... mas que vem, vem!!!

quinta-feira, fevereiro 7

descolar dos outros
fugir-lhes do espelho
do reflexo que não me é fiel
e não deixa reflectir o que em mim está para lá dos outros
os meus labirintos, as lágrimas que sequei, os sorrisos compassivos
o sentimento, a ternura, a emoção
o lugar de esperança e dignidade
que dentro de mim guardei para cada ser irmão
no enorme espaço de encontro que trago sempre preparado
não para os encontros banais nem para as conversas ocas
mas para o olho no olho, o coração nas mãos
e nada mais, juro, do que um puro desinteresse
em que só o outro e os seus pesares, as suas alegrias, o seu bem, me interessa
não é assim que o teu espelho me reflecte
não há isenção, não pulsa em ti o que me move
o teu olhar cái sobre mim vindo de outras paragens
o teu mundo espreita o meu
mas é tanto o que fica para lá do meu reflexo no teu espelho...
a imagem que cabe no teu olhar deixa o meu existir de fora
e é tanto e tão maior o que o teu olhar não vê...
arrumada no teu arquivo de: "OUTROS"
para ali fico atirada... estática...
paralisada pelos teus padrões... amordaçada pelos teus cânones...
afunilada...
as côres sem vida própria vão perdendo a intensidade
o reflexo mudo cala-me as palavras e tira-me a melodia
eu, no teu espelho, metálica, sem cheiro, enjaulada em ti, domesticada
em resposta só silêncio; esmagador... imenso... silêncio
e lá, no teu mundo, a minha imagem cativa vai ganhando a palidez das fotos antigas
até que... no fundo de uma velha gaveta de memórias,
esquecida dos espartilhos, e dos outros,
a dança comece, a festa, a alegria
o som da natureza, que, por ser um tudo, não se deixa apanhar no espelho das nossas limitações;
a natureza com a pojança da sua côr, a genialidade da sua criação reduza à sua tremenda insignificância tudo aquilo que os uns reflectem de uns outros,
é quando nela me espelho que recupero então, a minha insignificante relatividade,
a verdadeira dimensão do meu mundo interior
todos os espelhos se quebram
o verdadeiro sol volta a brilhar, entre nuvens, debaixo de chuva,
e eu festejo o meu reflexo na brisa que me embala os sentidos,
nos brotos que rejuvenescem as árvores, a cada ano,
na vida que não pára... nos leva e nos traz a quem amemos
nos leva e nos traz as maravilhosas estações
que não se compadecem com o olhar de quem passa

sexta-feira, fevereiro 1

Palavras irmãs

DEFICIÊNCIAS Mário Quintana

'Deficiente' é aquele que não consegue modificar a sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.

'Louco' é quem não procura ser feliz com o que possui.
'Cego' é aquele que não vê o seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para os seus míseros problemas e pequenas dores.

'Surdo' é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir os seus tostões no fim do mês.

'Mudo' é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.

'Paralítico' é quem não consegue andar na direcção daqueles que precisam da sua ajuda.

'Diabético' é quem não consegue ser doce.

'Anão' é quem não sabe deixar o amor crescer.E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois: ' A amizade é um amor que nunca morre. ~


Digo eu, (Inês), não podia estar mais de acordo, é tão reconfortante espelhar o que sentimos nas palavras de outros... assim que a solidão não se instala !

o que me faz feliz

o que me faz feliz
o meu mundo ao contrário

O meu Farol

O meu Farol

A bela foto

A bela foto
o descanço dos meus olhos

A minha cama na relva

A minha cama na relva

O meu Algarve

O meu Algarve

...enquanto uns trabalham...

...enquanto uns trabalham...