segunda-feira, dezembro 10

Dark Side

no meu silêncio visto-me de negro e cubro-me de distância
isolo-me no cume gelado da minha solidão
reduzo-me à dimensão duma poeira
em explosão de sofrimento cósmico

no meu silêncio mora o meu mais mudo e irredutível autismo
as minhas dores mais lancinantes
os meus partos impossíveis

no meu silêncio moram todas as minhas dúvidas e anseios
medos e desesperos

no meu silêncio sou o náufrago que já desistiu de nadar
braços caídos à espera do fim, a boiar na escura profundidade dos oceanos

neste meu silêncio sou a criança que nunca cresceu
e o velho à espera da morte

inabalável e irredutível o meu silêncio não dá tréguas
não sabe de amigos, só de saudades
desconhece a família e faz de mim uma orfã num deserto humano

... só o meu coração lhe resiste e vai pulsando discreto e solidário
... só ele acredita que depois do vazio, o sentido recupera a vida
as pessoas e as coisas recuperam o seu espaço
e eu recupero o Sol e a vontade;

dispo o negro da alma
e mais uma vez cubro a nudez de esperança
dou-me a alegria das pequenas coisas
sacudo a poeira e sigo caminho

1 comentário:

Anónimo disse...

Oh, Inês!

Saberemos todas o que isso é?

esse silêncio, que escorre tristeza e tudo cobre de negro.
será que todas o conhecemos assim tão bem? que faz parte do nosso ser?

sempre penso, que depende da nossa capacidade de sofrimento, da capacidade de atingir o limite, para se conseguir vir á tona.

Quanto menor, melhor.

Beijinho minha querida

o que me faz feliz

o que me faz feliz
o meu mundo ao contrário

O meu Farol

O meu Farol

A bela foto

A bela foto
o descanço dos meus olhos

A minha cama na relva

A minha cama na relva

O meu Algarve

O meu Algarve

...enquanto uns trabalham...

...enquanto uns trabalham...