quinta-feira, setembro 20

Adolescentes

Antes de enviar para a lixeira este mail que escrevi, há meses, a uma mãe amiga, resolvi lê-lo e gostei... gosto de me reler, nunca me lembro das palavras que escolhi e fico sempre agradavelmente surpreendida, modéstia à parte.
Aquela a quem estas palavras foram dirigidas há-de entender que as atire a outras mães de outros Afonsos, Franciscos e Franciscas, Joanas e tantos outros que na sua sede de crescer nos vão tirando o sono.
Paciência, é a palavra chave, com um pouco de bom senso, e inteligência associados, mais o tempo a passar, tudo se resolve!!!
E depois são só 8 ou dez anitos, passam a correr... estou no gozo...
Manter um balanço positivo, sentido crítico, tentar estratégias novas, dar luta, não pensar que hoje vai ser igual a ontem, pois podemos sempre tentar que seja melhor, pelo menos a nossa atitude! A Francisca e o Afonso já nada esperam de nós... nesta fase querem distância, querem avaliar ( pela negativa) as nossas verdades, tudo o que lhes transmitimos vai ser ridicularizado, avaliado à lupa, eles precisam(exigem) que nos distanciemos deles para que o possam fazer sem confrontos constantes. Para poderem estruturar as suas próprias convicções, no sentido de encontrarem o caminho que mais lhes convém vão mesmo ter de fazer alguns disparates (lembras-te, também por lá andámos); vão bater o pé e dizer que não querem ser como nós, vão afirmar que os tempos são outros, alegar que estamos desfasados da realidade, e eles até sabem MUITO BEM tudo o que devem saber sobre a vida! Pois... agora deixamos de ser os seus educadores, os seus acompanhantes... ficamos na expectativa de ver o resultado da educação que lhes demos, enquanto isso foi possível. Agora é a vida, são os amigos, o mundo lá fora, não é fácil para eles sacudirem-nos para longe mas é uma necessidade a que não podem fugir. Faz parte do seu crescimento e vai correr tudo bem... acredita, daqui a 10 anos ela cai-te nos braços com cartas de amor e agradecimentos sentidos por tudo o que lhe deste, todo o amor, toda a paciência toda a terna atenção para ti que foste a melhor mãe do mundo. Aí consolas-te e agradeces esse momento que parecia nunca chegar. Até lá mostra-te disponível, quando ela queira, atenta se ela precisa, e respeita, quando puderes, os limites que ela te exige, pois não temos outro remédio. Eu até consigo ver a graça de tudo isto: tantas certezas e convicções, tantos medos e complexos, tanta euforia, tanto precipício, tanto voo, tanta queda; é uma fase fantástica da vida e a última coisa que desejamos é que nos vejam como inimigas... não como amigas, tudo bem, isso seria pedir demais, mas pelo menos um sorriso, uma brincadeira, um gesto terno. A vida agora toma conta deles.
PS deixei o Afonso ir ao Sudoeste, 5 noites fora de casa, eu com o coração nas mãos mas encarando estas experiências como necessárias saudáveis e incontornáveis. Se era o seu maior desejo para quê esperar mais um ano? Assumi esta decisão sózinha, fi-lo meu cúmplice, disse-lhe que o resultado tinha de ser o melhor, e pronto ontem , para meu alívio regressou a casa "uma beca estoirado mas feliz". Para mim foi como se ele tivesse mais tarde ou mais cedo de levar esta "vacina". Já está, correu bem e eu ontem dormi tranquila, até à proxima, que há-de ser antes de eu me ter preparado; é sempre assim com os adolescentes, nunca estamos preparados, parece-nos sempre cedo... para eles tudo lhes é urgente, tudo vem tarde, sentem-se presos ...... e nós, cá em baixo, ficamos estarrecidos, de coração palpitante nas mãos, a vê-los, de asas abertas, nos seus primeiros voos, ainda tão atabalhoados mas tão corajosos, tão aventureiros, tão saudavelmente cheios de fé: na vida, nos outros, neles próprios... dão gosto, respeito e ternura estes nossos rebeldes adolescentes!

8 comentários:

SE disse...

O mail em questão tem servido de 'apoio' a várias 'Mães Amigas' a quem reenviei esta informação orgulhosa do testemunho e conselhos recebidos.Bjs Grds

SAM disse...

na adolesc~encia afastamos-nos mais depois voltamos! eu chamo-lhe aborrecência e os aborrescentes são mesmo assim!

mas eu já soube que tu eras uma "rebelde sem causa" lol
com que então expulsa hein??

Grande lolada !
beijo amiga !

inespimentel disse...

Sam tu tb deves ter dado poucas dores de cabeça, se é que já não dás...
Pois sempre me refugiei numa teimosia autista quando a verdade dos outros não me convencia...

inespimentel disse...

SE fico contente por saber que as minhas palavras por vezes ajudam ou convencem; deve ser por virem bem de dentro.
Acabam por ser ideias, pensamentos, conclusões que vou espremendo das experiências da minha vida; são conselhos e observações que me servem sobretudo a mim, que gosto, quase sempre, de reler o que escrevi.
Parece-me por vezes que me exprimo com uma objectividade que não me pertence.
Talvez o que guarde dentro de mim seja também novidade, quando me solto...fico a ver o que sái, assim de rompante, e gosto!
A distância entre as minhas palavras e os meus actos, e as minhas conquistas isso nem eu sei...
PS quere-me parecer que hoje estou muito cheia de mim...

Anónimo disse...

Tenho que ler todos, apesar de vir atrasada, mas este tem muito que selhe diga e pouco a acrescentar, do meu ponto de vista.

digo sempre:

Se queremos o bom crescimento emocional deles, teremos que entender, apesar de ser horrivelmente doloroso e chato para os dois lados, que compete aos filhos/as, pôr em causa tudo o que lhes ensinámos.

Terão de encontrar as suas próprias verdades, que talvez venham a ser parecidas com as nossas, mas se não o forem, que sejam verdadeiramente as deles.

É a maior aventura da vida, e a altura de baterem por ideais, e têm menos razões para os terem do que nós tivemos.
Fazem falta os ideais.


Beijinhos

Softy Susana disse...

Olá!
Há muito que cá não vinha e hoje, que vim mais cedo para o escritório, decidi gastar uns minutos a ler o migalhas...
fiquei encantada com este post, pois revi nele toda a minha juventude e percebi que a minha mãe teve a atitude certa, no momento exacto. Hoje, que quase sou mãe também, fico a pensar no que vai ser quando os meus filhos me pedirem o que pedia à minha mãe... de facto, hoje posso mesmo dizer que a minha mãe é a melhor do mundo, e tenho tanto a agradecer... é sempre assim, verdade? :) fiquei comovida...
PS - o post sobre a "morbidade" súbita dos blogs que visita vai ficar desatualizado, pois tenciono regressar ao sempre inocentes! :P
beijinhos!

inespimentel disse...

Softy Suzana fico super contente com a tua visita; o teu blogue foi o primeiro que visitei, nem sei como fui lá parar, mas senti sempre ali a presença duma jovem sensível e lutadora por quem criei um laço daqueles de torcer os dedos para que a vida te mime e te dê força e alegria para continuares inocente e lúcida dois traços difíceis de conciliar!
Se voltares ao inocentes lá estarei para te ver sorrir e lutar e conquistar e festejar, e mais e mais.
É giro ter um comentário do lado dos filhos!As mães esperam anciosamente pelo o dia em que as filhas ou filhos reconhecem finalmente a dimensão e profundidade do amor de mãe.
Aquele abraço

inespimentel disse...

Marta e SE quando penso nas revoluções da adolescência lembro-me sempre da música que cantava a Elis Regina: "... apesar de termos feito tudo, tudo o que fizemos nós ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais..."
Muita coisa muda mas no essencial acabamos sempre a revermo-nos naquilo que nessa época nos foi transmitido.
É giro!

o que me faz feliz

o que me faz feliz
o meu mundo ao contrário

O meu Farol

O meu Farol

A bela foto

A bela foto
o descanço dos meus olhos

A minha cama na relva

A minha cama na relva

O meu Algarve

O meu Algarve

...enquanto uns trabalham...

...enquanto uns trabalham...