eu no mundo parece-me uma festa, entro nele e saio segundo as minhas conveniências, viro-lhe as costas, entro acompanhada, fujo só, chego cheia, esvazio...
mas o mundo em mim vinga-se... faz a festa, entra e sai de mim sem cerimónias, vira-me as costas, invade-me e deixa-me só, esvazia-me, extravaza-me, instala-se, reduz-me à sua imensidão, sabe que o vivo nas emoções sem lhe impor limites e sem contemplações leva-me a partilhar todas as ansiedades, todos os medos, todas as solidões e injustiças... depois, para me recuperar luto pela conquista do meu lugar ao sol, aqui dentro e em cima destes meus 37 que a mais não devo ambicionar... só então me recomponho; pés na areia quente passeio a minha imaginária sombra na praia onde perdida de mim me encontro mais uma vez.
Ausento-me de mim sempre que o mundo me ocupa, sem cerimónia, a serenidade, e me rouba a capacidade de me isolar dos seus males.
Por mais que me esforce, por muito que cresça, ainda que envelheça, não encontro melhoras nesta alma fadista e fatalista que quando voa me solta ao delírio, mas que quando me enterra os pés no chão lhes dá peso de chumbo, imobilidade de estátua e fragilidade de criança!
Foi numa noite
Há 9 anos
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