quinta-feira, outubro 9

As amigas fazem bem à saúde umas das outras.... já desconfiava!
É mesmo uma circunstância, física, hormonal! Assim rezava um curioso mail que recebi ontem!
Não é de estranhar... depois de um par de horas de desabafos e blasfémias, toda a agressividade que nos invade em certas ocasiões, e que tanto mal faz à saúde, se transforma em qualquer coisa mais racional, menos impulsiva, menos nefasta!
Os impulsos amorosos, as considerações sobre tudo e nada, as certezas e as indecisões, toda a desorganização interior em que por vezes nos encontramos, os amores e desamores, as traições, os filhos e enteados, as sogras e os colegas de trabalho, a sexualidade, o erotismo, as angústias e alegrias, tudo, mas tudo mesmo, é legítimo trazer a uma conversa de amigas!
Assim como a raiva, ou a sede de vingança também a entrega e a generosidade, a desconfiança e a confiança, os sonhos e as limitações, tudo é passado a pente fino, explicado, pensado em voz alta, damos às amigas toda a nossa cartilha, o nosso GPS para encontrar o que se procura, o nosso mapa da felicidade, os conselhos que acreditamos mais úteis e válidos, a cada momento, em cada situação, ali, à distância de um telefonema, um mail, um encontro!
Em todas as idades as amizades fazem falta; é importante saber ter, e conservar, amigas, pela vida fora, com zangas e os perdões, para lá das distâncias e da falta de tempo ou oportunidade!
Os homens dificilmente abrem o coração num desbragado desabafo... é tudo mais contido pois, habitualmente, nem a si próprios confessam o que lhes vai dentro... nem sentem necessidade de esmiuçar miudezas, entender tanto os porquês das insignificâncias do dia a dia!
As mulheres conseguem ter várias conversas a decorrer em paralelo, acompanhando todas elas sem dificuldade, e, em simultâneo, mudar uma fralda ou ir fazendo uma sopa... os homens é mais à vez... uma conversa ou uma actividade de cada vez... quando estão a falar connosco ficam muito descrentes da nossa atenção se não pararmos tudo para olhar para eles enquanto falam... pensam mesmo que ficamos surdas enquanto desempenhamos qualquer acção, e incapazes de agir enquanto usamos os ouvidos!
É-lhes, ao que parece, difícil entender que viemos preparadas para a polivalência doméstica; sobrepomos e desdobramos os nossos papeis, e intervenções, com uma simultaneadade às vezes surpreendente! Nem poderia ser de outra maneira... quantas refeições ficariam em carvão se assim não fosse, e os filhos em lista de espera enquanto as mulheres organizavam a sua lista de prioridades, desligo o lume ou atendo o telefone?... acudo ao choro do bebé, ou vou à porta, ajudo ou acompanho os TPC do mais velho ou dou banho ao outro... enfim a polivalência desenvolveu-se desde sempre por necessidade óbvia, como resposta a uma incontornável necessidade! Hoje esta ferramenta que "construimos" dá-nos para cima de um jeitão!
Para mim, que vivo só com homens em casa, nem sempre é fácil... enquanto eu organizo várias coisas ao mesmo tempo e estabeleço mais do que um diálogo com os meus filhos e marido, eles pensam que eu estou confusa, sentem-se baralhados... tenho mesmo que pensar para dentro porque quando me organizo pensando alto, eles julgam que estou a pedir ajuda e distribuir culpas e tarefas...
De facto, com tudo o que isso tenha de bom e de mau, os homens são menos complexos do que as mulheres, mais óbvios, pelo menos a maioria deles!
... agora um ponto a nosso favor é que, tenho para mim, que nós, quando inteligentes e maduras, temos uma maior capacidade para entender como funciona o mundo deles... para eles entenderem o nosso já o caso muda de figura... estou convencida que apenas uma pequena percentagem de entre eles pode atingir a "complexidade" feminina e compreendê-la de forma isenta, descomplicada e descomplexada... é que nós somos mesmo muito labirínticas, muito tortuosas, com variações de humor que só mesmo o mundo feminino pode entender, e nem sempre entendemos, tudo complicado, muito sentido, muito emotivo...
e tudo muito, muito, e MUITO!
... e tudo!

10 comentários:

claras manhãs disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
claras manhãs disse...

desculpa, erros ortográficos a mais.

Uma excelente análise.
também penso alto, toda a vida o fiz
e vem sempre a pergunta
"estás a falar comigo?"
nada! estou a falar sozinha!
Antigamente, chamavam-lhes loucas...

beijinho

inespimentel disse...

Minuxa coitaditos, passa-lhes metade ao lado... diga-se de passagem que também não se esforçam muito, e vivem descomplicadamente com boa consciência e até ressonam... nós tb mas é de cansaço!
hi, hi, hi

Fá menor disse...

Como adorei ler-te! Bendita hora em que aqui entrei.
Soubeste tão bem colocar no "papel" o mundo feminino vs masculino!

Bjs

Anónimo disse...

Oh MULHER...agora "no papel" as conversas que temos ao vivo!! é que é tal e qual...
bjs
Guida

inespimentel disse...

Minuxa, pela força física e o poder autoritário dos machos andámos subalternizadas séculos... a Maria Madalena era uma prostituta, certo? Ou seria uma mulher emancipada?
O homem comum tem tendência para não distinguir estas duas realidades distintas!
Isto leva séculos, mas muda, não tem alternativa...

inespimentel disse...

fa menor, lindo nome!
... sabes isto já são 52 anos de estrada... já vou vendo umas coisitas, mas sempre a aprender, que esse é o meu lema, a rotina pode ser uma ilusão mais ou menos confortável para cada um , mas de facto é, de certa maneira uma
abstracção, tudo está sempre em imparável metamorfose, nós é que queremos acreditar que hoje é igual a ontem que será igual amanhã... depois vêm os sustos e as surpresas!
Aparece

inespimentel disse...

...ai guiduxa a falta que me faz ter por perto uma cabeçinha que funcione, que deserto à minha volta... sexo oposto, vivências distantes, tanta coisa que me separa, às vezes até chateia!
... mas sabes, eu gosto desta solidãozinha, era só para umas conversas a duzentos, paralelas, intensas e profundas, daquelas em que damos a volta ao mundo e a nós próprias... estás a ver???

xistosa, josé torres disse...

Só tenho pena de ter chegado atrasado.
Estive de "molho" com gripe e ainda chego com dores de cabeça.
Como não morri até aqui, já devo ter escapado.
Depois tenho que visitar 104 blogs.
SE fosse todos os dias, tinha que comprar horas.
Vou tentar fazer um mapa ... agora falo a sério.
Tenho algumas visitas, (17), que me escrevem para o e-mail.
Não há nada de escondido, pois entre essas visitas, está um escultor e dois colegas que nunca mais aprendem a colocar comentários no blog.
É para lhe responder!

Vou pedir-lhe desculpa, mas este post, não me diz nada.
Não sou eu que me devo apreciar, mas não necessito de elogios.
Desde muito novo, nem lhe digo a idade que não acreditava, mas com 5 anos, cozi peixe, com cenouras, (antigamente eram raspadas, agora a voragem da vida moderna, não dá tempo e corta-se a pele), com uma batata e 1 ovo, para a minha mãe que estava no leito a morrer.
Ainda hoje não me esquece o sentimento de repulsa para conseguir tirar as escamas ... se é que as tirei como devia ser ...
Depois ao longo da vida sempre fui tentando conhecer e apreender a fundo TODOS os problemas das mulheres.

Só não faria, como a Inespimentel dis no seu post, mudar a fralda e fazer uma sopa ...

Não tiro mérito à grande maioria das mulheres que têm de ter tudo sob o olhar, o controlo, a asa protectora.

Não sei se posso dizer isto, mas vou dizê-lo:
- Qualquer necessidade da mulher, íntima, sexual, de amizade, de repulsa, de trabalho, de convívio com e, das amigas, tudo ... tenho uma sensibilidade que se apercebe imediatamente e me ilucida.

Aliás sempre tentei cultivar o bem estar feminino e isso é muito lato ... mas não é uma utopia ...

Daí uma certa "mistura ordeira total" que tenho com a minha mulher.

Tenho 61 anos e antigamente não existiam as liberdades de agora, mas, ao beijar uma moça normalmente sabia se andava com o periodo e não tenho faro como o cão ... isto tinha vantagens.

É um exemplo, mas os homens ... é capaz de ter razão nalgumas coisas ..., mas a sensibilidade nasce e desenvolve-se e de+pende do ser humano.

inespimentel disse...

Xistosa, neste caso, quanto mais estiverem em desacordo comigo, melhor...
Talvez essa vivência, tão pesada para uma criança de apenas 5 anos, (e mais o que pesou a seguir) lhe tenha aberto um canal de sensibilidade que outros não conseguiram a dar pontapés na bola, quem sabe....
E pode dizer tudo o que entender... neste blogue, e até à data, não foi implementada qualquer espécie de censura!

o que me faz feliz

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O meu Farol

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A bela foto

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A minha cama na relva

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O meu Algarve

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...enquanto uns trabalham...

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