quinta-feira, outubro 2

Navegamos esta vida como passageiros ocupantes de um lugar que não nos pertence mas a que nos agarramos com unhas e dentes como se valesse a pena...
... não, não vale mesmo a pena... quando chegar a nossa paragem vamos mesmo ter de abandonar esta viagem, mesmo que ela esteja no seu início, ainda que esteja no melhor, apesar de todos os argumentos e para lá de toda a justiça ou injustiça, podemos estar certos, quando a hora chegar é mesmo borda fora... a queda, o vazio, a eternidade do nada,... ou a eternidade do tudo, depende ...
Vale a pena a vida, com tudo o que dela podermos extrair de bom, de partilha e amor, tudo o que cresça na memória, no sentimento, na emoção, tudo o que possa voar connosco, para onde o "empurrão" nos levar...
Tudo o resto fica!!!
Sem apelo, sem mas, mas, sem porque eu sou rico e poderoso, nada, nadinha, fica tudo por aqui... NINGUÉM leva nada!!!
Então para quê assambarcar, para quê acumular muito mais do que se pode gastar numa vida?
A ganância material ainda dificulta mais a despedida, levar a vida a construir um império e ter de o largar contra vontade deve doer... e muito!
Partir e deixar por cá o rasto da generosidade, da justa repartição do que não nos pertence, da solidariedade, deve fazer do momento da partida um desenlaçe menos penoso... digo eu ...
... e não me venham com aquela que isto é mesmo conversa de "tesa", de quem nada tem para partilhar, a não ser... isto umas palavrinhas, uns pensamentos, ideias, conselhos, amor, atenção, compaixão, e tudo isso vou largando já, quero que à minha volta saibam que amo, que desejo a todos o melhor, que não sinto raiva, nem ódio, a ninguém!
A todos desejo bem, para todos desejo conforto e carinho, bem estar e amor!
... que será isto que me está a dar...

5 comentários:

Anónimo disse...

Gosto muito desse espaço enorme que tens dentro de ti e que passaste para os teus 2 últimos textos e, ainda ontem tinha eu estado a ler este, que me fez lembrar agora a leitura do teu:

É o Que a Gente Leva Desta Vida...

Da nascença à morte, o homem vive servo da mesma exterioridade de si mesmo que têm os animais. Toda a vida não vive, mas vegeta em maior grau e com mais complexidade. Guia-se por normas que não sabe que existem, nem que por elas se guia, e as suas ideias, os seus sentimentos, os seus actos, são todos inconscientes - não porque neles falte a consciência, mas porque neles não há duas consciências.
Vislumbres de ter a ilusão - tanto, e não mais, tem o maior dos homens.

Sigo, num pensamento de divagação, a história vulgar das vidas vulgares. Vejo como em tudo são servos do temperamento subconsciente, das circunstâncias externas alheias, dos impulsos de convívio e desconvívio que nele, por ele e com ele se chocam como pouca coisa.
Quantas vezes os tenho ouvido dizer a mesma frase que simboliza todo o absurdo, todo o nada, toda a insciência falada das suas vidas. É aquela frase que usam de qualquer prazer material: «é o que a gente leva desta vida»... Leva onde? leva para onde? leva para quê? Seria triste despertá-los da sombra com uma pergunta como esta... Fala assim um materialista, porque todo o homem que fala assim é, ainda que subconscientemente, materialista. O que é que ele pensa levar da vida, e de que maneira? Para onde leva as costoletas de porco e o vinho tinto e a rapariga casual? Para que céu em que não crê? Para que terra para onde não leva senão a podridão que toda a sua vida foi de latente? Não conheço frase mais trágica nem mais plenamente reveladora da humanidade humana. Assim diriam as plantas se soubessem conhecer que gozam do sol. Assim diriam dos seus prazeres sonâmbulos os bichos inferiores ao homem na expressão de si mesmos. E, quem sabe, eu que falo, se, ao escrever estas palavras numa vaga impressão de que poderão durar, não acho também que a memória de as ter escrito é o que eu «levo desta vida». E, como o inútil cadáver do vulgar à terra comum, baixa ao esquecimento comum o cadáver igualmente inútil da minha prosa feita a atender. As costoletas de porco, o vinho, a rapariga do outro? Para que troço eu deles?

Fernando Pessoa

inespimentel disse...

Este texto tem uma profundidade própria que teria de reler para alcançar mais completamente... o meu é muito simplório... mas ambos são fruto da mesma certeza: - Daqui nada levamos...
... depois depende da fé de cada um...

xistosa, josé torres disse...

Por vezes visitamos os blogs, quase como uma obrigação.
Eu não faço isso.
Por tal, não consigo passar duas vezes na mesma semana, na maioria dos blogs.
Tenho 64 nos favoritos, mais os "links" que estão no blog, o que dá uma enormidade.
Depois, também não me sinto bem sem ter lido tudo, mesmo o anteriormente "postado" e que não tenha comentado.
Se vou a um local é porque gosto e por isso leio.
Leio e escrevo ... muitas vezes até demais.
Mas não é agora, nesta idade que me vou modificar.

Mas notei, aliás como o "anónimo" diz, que os textos estão mais ...
vou dizer um palavrão, mais intimistas, dum âmago mais entristecido.

Nota-se uma nostalgia e uma certa "compaixão" para com o mundo que a rodeia.
Posso estar a ser injusto, mas a essência da vida será sempre a ambição.
Desmedida ou na dose que cada um tem, na sua "medida".
Temos uma passagem efémera por esta vida e cada um tem a sua visão.
Não somos todos amassados da mesma maneira e com os mesmos ingredientes.
Por isso cada um segue um caminho que pensa ser o da virtude e riqueza que ambiciona e assim a vida é diferente de ser para ser.
A velocidade a que se vive não permite olhar para o lado e "ajudar" alguém que necessite.
A ambição é a meta ... onde se encontra a riqueza, que até pode comprar a saúde.
É esse vilão, o dinheiro, que TUDO compra e tudo lubrifica ...

inespimentel disse...

Xistosa eu tb tenho ambição e marco as minhas metas... com sinceridade lhe digo que são, quase exclusivamente, relativas a bens não materiais... tenho "expectativas em relação ao futuro" e é só, das diversas definições do dicionário, esta a ambição que tenho! No dic, ambição vem associada a cobiça, ganância, etc, sei que podemos ser ambibiciosos sem passar por isso mas, quando a ambição é materialista, é como vem definida que eu a sinto!

claras manhãs disse...

Ai não levamos não, graças aos céus.
As minhas ambições pouco têm de material e as que tenho são quase exclusivamente em relação aos filhos.
Que tenham para viver com alguma segurança.
Há muitos anos que penso que esta vida é para se ser feliz, mas numa felicidade interior que por vezes é tão difícil, e por muito mais vezes esqueço que é essa felicidade que levarei daqui.

beijinho

o que me faz feliz

o que me faz feliz
o meu mundo ao contrário

O meu Farol

O meu Farol

A bela foto

A bela foto
o descanço dos meus olhos

A minha cama na relva

A minha cama na relva

O meu Algarve

O meu Algarve

...enquanto uns trabalham...

...enquanto uns trabalham...